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A única voz que Bolsonaro escuta
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A única voz que Bolsonaro escuta

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Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, presidente do TSE (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, presidente do TSE

Não foram os reiterados avisos de autoridades mundiais de saúde, governadores ou os mais de 275 mil mortos que "convenceram" Jair Bolsonaro a, de uma semana para cá, dar giro de 180º na opinião do governo sobre vacinas e máscaras contra contágio. Como o globo terrestre sobre a mesa na última live do presidente deixou claro, Bolsonaro passou a semana basicamente em função de passar recibos ao discurso do adversário Luiz Inácio Lula da Silva dias após reviravolta promovida por Edson Fachin no STF.

Nos últimos meses, foram muitos os apelos para que o Planalto revisse opiniões sobre aglomerações e da gravidade da doença. Enquanto Estados estudavam controle de fronteiras e de circulação, lá no início da pandemia, o presidente embarcava em uma cruzada negacionista que teve episódios dos mais simbólicos há menos de um mês, durante evento em Tianguá com livres aglomerações. Menos de um dia após a volta de Lula ao jogo eleitoral, a coisa já muda de maneira tão brusca que é até constrangedora.

A "guinada" de Bolsonaro tem explicação fácil. Com avaliação em baixa e um adversário em jogo forte e pós-graduado no populismo, o presidente não pode se dar o luxo de conversar apenas com sua base mais radicalizada. Para controlar uma "onda vermelha", Bolsonaro precisa, mais do que nunca, da narrativa do Lula radical, chavista, imprevisível, inimigo da imprensa e perigoso ao mercado. Alguém digno da velha pecha do "vamos virar uma Argentina ou, pior, uma Venezuela".

Nada que faria sentido algum se, como vem acontecendo, o presidente e seus filhos continuassem negando vacinas e máscaras, metendo os pés pelas mãos na Petrobras e ameaçando encher a boca de jornalistas de "porrada". Ainda é cedo para saber se a decisão de Fachin se sustenta e siginificará algo para 2022. O que é claro é que, na última quarta-feira, Bolsonaro contava com o Lula "jararaca", que chegasse violento e ameaçando uma guinada revanchista e comunista no País. Em vez disso, viu um "Lulinha paz e amor" com acenos a policiais, Exército, mercado e evangélicos. Acendia ali uma luz de alerta. 

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