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Carlos Mazza: Um ministro, 3 militares e muitas perguntas
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Carlos Mazza: Um ministro, 3 militares e muitas perguntas

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Ministro Braga Netto (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Ministro Braga Netto

Imbróglio envolvendo o Ministério da Defesa, iniciado na última segunda-feira e que terminou em queda conjunta do ministro Fernando Azevedo e Silva e dos três comandantes das Forças Armadas, pode até ter sido pacificado, mas deixou uma série de perguntas ainda sem respostas. E que, para o bem da nação e suas instituições, não podem nem devem permanecer desta maneira.

Segundo vários veículos de imprensa registraram, a troca de Azevedo e Silva teria sido motivada, entre outras razões, pelo incômodo do presidente Jair Bolsonaro com a falta de alinhamento maior entre as Forças Armadas e o Palácio do Planalto. O aborrecimento do presidente teria se dado sobretudo com o agora ex-comandante do Exército, Edson Pujol, que teria recusado demonstrações públicas de apoio da Força ao presidente e seu governo.

Pelo andar dos acontecimentos, parece seguro afirmar que o interesse de Bolsonaro não se sobrepôs no caso. Após demitir Azevedo e Silva, comandantes das três Forças Armadas se uniram em protesto, e a pressão em torno do caso obrigou o presidente a, respeitando critério de antiguidade, indicar o cearense Paulo Sérgio Nogueira para o comando do Exército. Um general que até recentemente dava entrevistas com pontos de vista que contrariam diretamente a cartilha do Planalto.

É algo que nunca ocorreu antes na República. Grave demais, portanto, para ficar no "disse me disse". É preciso que o governo esclareça a questão, explicando com transparência quais foram os critérios para o dominó verde-oliva em Brasília. E que, para além de notas e posicionamentos soltos, tome atitudes no sentido de confirmar que respeita a democracia e segue seus ritos e normas.

Na semana que vem, o Senado pautará convite para que o novo ministro da Defesa, general Braga Netto (foto), explique o impasse. É uma oportunidade para o Exército - centenário, respeitado pela população e indispensável para a manutenção da soberania do País - esclareça os limites que mantém na relação com governante que seja. Qualquer coisa menos que isso seria diminuir a farda.

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