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Carlos Holanda | "O jeitão dele": As deliquências de Jair
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Carlos Holanda | "O jeitão dele": As deliquências de Jair

A gestão do presidente é um projeto político essencialmente associado ao exercício de relativizar e combater questões que são ponto pacífico no mundo civilizado
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O presidente iria assinar medida normativa desobrigando o uso de máscaras aos que já foram vacinados ou infectados pelo vírus
Foto: Sergio LIMA / AFP
O presidente iria assinar medida normativa desobrigando o uso de máscaras aos que já foram vacinados ou infectados pelo vírus

O autoritário é um exímio produtor de soluções simplistas para questões embaraçosas. Não vê a gradação das coisas, suas nuances, especificidades e contradições. Não há zonas cinzentas, somente brancas ou pretas. Não há pandemia se eu negá-la. E, se há, a cura está na farmácia mais próxima, por poucos reais. Simples. Daí o pouco apreço por perguntas e perguntadores.

Some-se isso a boas doses de fanfarronice e o resultado é desastroso, sobretudo se o momento exigir seriedade e disposição para queimar pestanas no planejamento de ações. O que disse em tese é o que se depreende na prática do presidente Jair Bolsonaro.

Quando falou aos seus de um relatório - falso - do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre supernotificação de mortes por Covid-19, na ordem de 50%, o mandatário adicionou mais uma carta ao castelo de mentiras a que se dedica. Nas entrelinhas, a intenção de transmitir que a coisa toda é menor do que se imagina "porque sim".

Ele depois seria desmentido pelo TCU, mas, um, a semente da dúvida já havia sido plantada; dois, ele pediu desculpa e afirmou não ter compromisso com o erro. Confere um ar de sinceridade à delinquência praticada. Um homem imperfeito que busca acertar.

Como quem quer transferir um País em frangalhos a um estado de normalidade na marra, naquela boa canetada, Bolsonaro ainda prometeu que o apequenado ministro Marcelo Queiroga (Saúde) iria assinar medida normativa desobrigando o uso de máscaras aos que já foram vacinados ou infectados pelo vírus. Depois, recuou.

É um projeto político essencialmente associado ao exercício de relativizar e combater questões que são ponto pacífico no mundo civilizado. Ainda que os objetivos de momento não se concretizem, as atitudes mantêm em marcha um plano maior de deterioração da democracia e da vida. Embora goste de aparentar ser antissistêmico, Bolsonaro tem de ser muito grato aos deputados e senadores que, para lhe defender, tentam tirar água de pedra. Mas às vezes só conseguem dizer: "é o jeitão dele".


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