Uma ocorrência aparentemente simples, rotineira, que se transforma, em poucos segundos, em uma tragédia de repercussões nacionais. O duplo assassinato que vitimou os policiais rodoviários federais Raimundo Bonifácio do Nascimento Filho, 43 anos, e Márcio Hélio Almeida de Souza, 53 anos, na última quarta-feira, não a toa chocou o País.

Trata-se, afinal, das mortes de dois agentes da lei, em pleno exercício da função, no que é de mais fundamental em seus ofícios: o serviço à coletividade. E vai muito além: dois seres humanos, pais (Márcio deixa um filho e Raimundo, duas filhas), maridos, filhos, amigos… Para quem os conhecia, perdas irreparáveis, que deixam um vazio que nunca vai se esvair.

A ocorrência ainda resultou na morte do algoz, Antônio Wagner Quirino da Silva, em uma pronta e decisiva intervenção de dois policiais que passavam pelo local. Sabe Deus o que alguém que já havia tirado a vida de duas pessoas faria, em seguida, com duas pistolas.

O caso deveria não só chocar e provocar revolta, mas também nos fazer ir além. Internamente, certamente, o episódio será discutido de forma a atualizar protocolos e reforçar precauções. Cabe à sociedade, portanto, discutir as carências do atendimento a pessoas em surtos psiquiátricos. Dias antes, Antônio Wagner já havia sido flagrado andando em meio ao trânsito. Uma intervenção ali teria evitado tragédia futura.