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DEMOCRACIA. A participação ativa do empresariado nacional de peso nos manifestos pró-democracia demonstra a insatisfação da iniciativa privada com a política econômica do Governo Federal, mas engatilha uma participação social importante para o momento. O recado dado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao publicar a chamada Carta pela Democracia, alfineta Jair Bolsonaro (PL) uma semana antes do almoço marcado entre a diretoria da Fiesp e o presidente candidato à reeleição, e foi motivo de cancelamento da agenda. Bolsonaro temia receber o convite para assinar a carta.
O manifesto articulado pela indústria paulista conta com apoio da Federação dos Bancos, Fecomércio-SP e muitas pessoas físicas já assinaram o documento. O texto é uma resposta clara às suspeitas de fraude lançadas por Bolsonaro nas eleições presidenciais e defende "a soberania do povo brasileiro expressa pelo voto", a independência dos Poderes e a importância do Supremo Tribunal Federal (STF). Tudo que é criticado pelo presidente.
Sem cumprir as reformas prometidas e fracassando nas privatizações, Bolsonaro despertou a insatisfação dos industriais, os quais deflagraram o manifesto. No entanto, com a adesão de importantes membros da sociedade, a carta (oxalá) deve levar o texto escrito a sério e realmente se tornar um manifesto a favor da democracia, e não apenas a insatisfação de uns poucos com a política econômica.