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Como será o amanhã no Rio e em Canindé?
Farol

Como será o amanhã no Rio e em Canindé?

SEGURANÇA
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dos familiares, os corpos de mortos durante operação policial no Rio de Janeiro foram expostos para registro da imprensa, e depois foram cobertos 
com lençóis (Foto: PABLO PORCIUNCULA / AFP)
Foto: PABLO PORCIUNCULA / AFP A pedido dos familiares, os corpos de mortos durante operação policial no Rio de Janeiro foram expostos para registro da imprensa, e depois foram cobertos com lençóis

As ações policiais registradas na semana passada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, e em Canindé, no interior do Ceará, foram bastante distintas uma da outra, mas tiveram como consequência pautar um debate sobre a necessidade de combater as facções criminosas com firmeza. Para muitos, ambos os episódios são exemplos de como deve se dar o enfrentamento à criminalidade organizada.

Entretanto, nem mesmo o maior entusiasta da letalidade policial acredita que o domínio territorial imposto pelas facções acabará em uma única tacada, o que deveria suscitar também a discussão sobre quais outras ações precisam ser adotadas pelo Poder Público para devolver a sensação de segurança ao povo brasileiro.

Dentro desse debate, deveria ser obrigatório pensar como o Estado pode intervir nos territórios mais vulneráveis à atuação dos criminosos para além do policiamento ostensivo. Ações de investigação e inteligência, por exemplo, mas também políticas que ultrapassam as competências das Forças de Segurança ou mesmo do aparato jurídico.

Como prevenir a "reposição" de "quadros" nas facções após a morte de vários "soldados" e "lideranças"? O que pode ser feito no âmbito da prevenção, quais são as medidas socioeconômicas a serem realizadas, como a Escola deve ser para formar cidadãos que não se deixem seduzir pelo canto da sereia do crime organizado? Tudo isso está eclipsado perante um debate tosco e leviano em que apontar dedos e arrotar virtudes parece ser mais importante.

Diante disso, há poucas esperanças de que os cadáveres do Rio e de Canindé possam servir para fazer do Brasil um lugar mais seguro. Não foram as primeiras e certamente não serão as últimas intervenções policiais com mortos. Continuaremos enviando mais servidores públicos à morte, apavorando comunidades inteiras, perturbando o funcionamento adequado de escolas, unidades de saúde, comércios, etc, mas estaremos mais seguros?

 

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