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Em retaliação, China manda fechar consulado dos EUA em Chengdu
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Em retaliação, China manda fechar consulado dos EUA em Chengdu

Medida de Pequim é resposta ao fechamento, no início da semana, do consulado chinês em Houston, apontado pelos americanos como "centro de espionagem"
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CONSULADO de Chengdu era uma das sete representações diplomáticas americanas em território chinês (Foto: Noel CELIS / AFP)
Foto: Noel CELIS / AFP CONSULADO de Chengdu era uma das sete representações diplomáticas americanas em território chinês

A China ordenou ontem o fechamento do consulado dos Estados Unidos na cidade de Chengdu, no sudoeste do país asiático. A decisão foi anunciada três dias após o governo americano acusar os chineses de espionagem e mandar fechar o consulado da China em Houston, no Texas. "A decisão é uma resposta legítima e necessária às medidas irracionais dos Estados Unidos", disse a chancelaria chinesa, em comunicado.

O fechamento da representação em Chengdu, a mais ocidental dos cinco consulados americanos na China, deixa os EUA sem presença numa cidade que é o centro da expansão comercial dos chineses na Ásia Central. Chengdu também é um posto valioso por reunir informações sobre os abusos contra os uigures na província de Xinjiang e sobre a repressão no Tibete, duas regiões conturbadas do extremo oeste do país.

Pequim culpou o governo de Donald Trump pela deterioração das relações. Na visão dos chineses, os EUA vêm intensificando uma perseguição em vários setores. Além do fechamento dos consulados, os americanos acusam a China de espionagem industrial e de tentar roubar dados sobre vacinas contra a Covid-19.

Desde que assumiu a presidência, em 2017, Trump vem adotando agressiva política comercial, especialmente com relação à China, que é acusada de manipular o câmbio, desvalorizando o yuan frente ao dólar, para tornar seus produtos mais competitivos no mercado internacional. A solução de Trump foi impor tarifas à importação de produtos chineses - o que provocou retaliações de Pequim contra produtos americanos.

Outra face dessa nova guerra fria é a luta pelo mercado das telecomunicações, com os EUA pressionando aliados a impedir a participação da chinesa Huawei na implementação da tecnologia 5G em seus países.

A Casa Branca também pressiona o governo chinês por abusos dos direitos humanos das minorias uigures, muçulmanos de Xinjiang, obrigados a trabalhar em "campos de readequação", e protesta contra a repressão às manifestações em Hong Kong.

Outro ponto de atrito são as eleições americanas. Para analistas, Trump busca projeção eleitoral ao manter a disputa com a China, que seria uma boa ferramenta para melhorar uma imagem desgastada pela pandemia e a crise econômica.

Um momento crucial do confronto ocorreu na última quinta-feira, 23, quando o secretário de Estado, Mike Pompeo, pediu uma aliança global contra a China em um discurso simbólico na biblioteca do presidente Richard Nixon, na Califórnia. "Se dobrarmos os joelhos agora, os filhos de nossos filhos estarão à mercê do Partido Comunista da China, cujas ações são o principal desafio hoje no mundo livre", disse Pompeo.

As autoridades chinesas acusaram Pompeo de adotar uma mentalidade da Guerra Fria. "O que ele (Pompeo) está fazendo é tão fútil quanto uma formiga tentar sacudir uma árvore", disse Hua Chunying, porta-voz da chancelaria chinesa.

"O discurso de Pompeo é a nova declaração de guerra fria dos Estados Unidos", afirmou Shi Yinhong, professor de relações internacionais da Universidade Renmin, em Pequim. (Agência Estado)

 

Consulados

Além de Chengdu, os EUA tem consulados na China em Wuhan, Xangai, Shenyang, Guangzhou, Hong Kong e a embaixada em Pequim. Em solo americano há consulados chineses em Nova York, Chicago, Los Angeles, São Francisco e a embaixada na capital, Washington.

 

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