Comunidade internacional condena abusos policiais em protestos na Colômbia
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Comunidade internacional condena abusos policiais em protestos na Colômbia
ONU, União Europeia e entidade de defesa dos Direitos Humanos criticam força desproporcional das forças de segurança em protestos contra reforma tributária
A Organização das Nações Unidas (ONU), a União Europeia e entidades de direitos humanos denunciaram nesta terça-feira, 4 o uso desproporcional da força policial colombiana para controlar quase uma semana de protestos violentos contra o governo que deixaram dezenas de mortos e centenas de feridos.
“Estamos profundamente alarmados com os acontecimentos ocorridos na cidade de Cali (sudoeste) na Colômbia na noite passada, quando a polícia abriu fogo contra os manifestantes que protestavam contra a reforma tributária, matando e ferindo várias pessoas, segundo informações recebidas”, disse Marta Hurtado, porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR).
O que começou na última quarta-feira, 28, como uma nova manifestação contra uma reforma tributária já retirada se transformou em graves protestos contra o governo e confrontos com a força pública. Na manhã desta terça-feira, pessoas tomaram as ruas e bloqueios foram levantados em rodovias da capital, Bogotá, e de Cali, a terceira cidade do país e a mais afetada pelos distúrbios.
Hurtado fez “um apelo à calma, dada a situação extremamente tensa, com militares e polícias destacados para acompanhar os protestos”. Defensores dos direitos humanos e ONGs denunciam ameaças e casos de violência policial, que incluem civis mortos pelas mãos de homens uniformizados.
A União Europeia aderiu às advertências e pediu que se "evite o uso desproporcional da força". Na segunda-feira, 3, a Defensoria Pública do país registrou 19 mortos e 89 desaparecidos durante os dias de protesto no país. O Ministério da Defesa contabilizou 846 feridos, sendo 306 civis.
Cali, foco de protestos
Os protestos e confrontos inflamaram Cali, a capital do departamento de Valle del Cauca, na noite de segunda-feira, 3. A cidade de 2,2 milhões de habitantes está militarizada desde sexta-feira por ordem do governo. A Secretaria de Segurança local registrou cinco mortos nesta terça-feira e 33 feridos durante as manifestações e excessos no dia anterior.
O defensor público (ouvidor), Carlos Camargo, denunciou que uma pessoa da entidade, juntamente com outra da Procuradoria-Geral da República - encarregada de apurar irregularidades de funcionários - e três defensores dos direitos humanos, foram agredidos pela força pública enquanto prestavam assistência a detidos em Cali.
Os cinco "foram ameaçados por agentes da polícia nacional que dispararam repetidamente para o ar e para o solo, atiraram granadas de atordoamento, abusaram verbalmente deles e exigiram que abandonassem o local", afirmou.
(Foto: Joaquin SARMIENTO / AFP)Manifestantes dançam durante um protesto contra um projeto de reforma tributária lançado pelo presidente Ivan Duque, em Medellín, Colômbia, em 3 de maio de 2021. - O presidente Duque pediu ao parlamento que retirasse um projeto de reforma tributária que desencadeou quatro dias consecutivos de protestos e tumultos e anunciou ele vai propor uma nova reforma do projeto de lei tributária em breve ao Congresso. (Foto de Joaquin SARMIENTO / AFP)
(Foto: Luis ROBAYO / AFP)Um policial de choque dispara gás lacrimogêneo contra manifestantes durante confrontos para protestar contra um projeto de reforma tributária lançado pelo presidente Ivan Duque, apesar de o presidente ter ordenado que a proposta fosse retirada do Congresso, em Cali, Colômbia, em 3 de maio de 2021. - Manifestantes em A Colômbia convocou na segunda-feira uma nova manifestação em massa depois que 19 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas em confrontos durante cinco dias de manifestações contra uma proposta de reforma tributária do governo. (Foto de Luis ROBAYO / AFP)
(Foto: Luis ROBAYO / AFP)Parentes e amigos de Nicolas Guerrero, que foi morto durante confrontos com a polícia de choque em um protesto contra um projeto de reforma tributária, se reúnem em torno de velas em torno das palavras "Nico foi morto pela ESMAD" ("Escuadron Movil Antidisturbios", uma unidade de controle de motins do Polícia colombiana) durante uma vigília em sua homenagem, em Cali, Colômbia, em 3 de maio de 2021. - Manifestantes na Colômbia em 3 de maio convocaram uma nova manifestação em massa depois que 19 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas em confrontos durante cinco dias de manifestações contra uma proposta de reforma tributária do governo. Diante dos distúrbios, o governo do presidente Ivan Duque ordenou no dia 2 de maio que a proposta de reforma tributária fosse retirada do Congresso, onde estava sendo debatida. (Foto de Luis ROBAYO / AFP)
(Foto: Luis ROBAYO / AFP)Um manifestante é atingido por um coquetel molotov lançado durante confrontos com policiais de choque durante um protesto contra uma proposta de reforma tributária do governo em Cali, Colômbia, em 3 de maio de 2021. - Manifestantes na Colômbia em 3 de maio convocaram uma nova manifestação em massa após 19 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas em confrontos durante cinco dias de manifestações contra uma proposta de reforma tributária do governo. Diante dos distúrbios, o governo do presidente Ivan Duque ordenou no dia 2 de maio que a proposta de reforma tributária fosse retirada do Congresso, onde estava sendo debatida. (Foto de Luis ROBAYO / AFP)
(Foto: Luis ROBAYO / AFP)Manifestantes enfrentam tropas de choque durante protesto contra projeto de reforma tributária lançado pelo presidente Ivan Duque, apesar de o presidente ter ordenado que a proposta fosse retirada do Congresso, em Cali, Colômbia, em 3 de maio de 2021. - Manifestantes na Colômbia pediram na segunda-feira uma nova manifestação em massa depois que 19 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas em confrontos durante cinco dias de manifestações contra uma proposta de reforma tributária do governo. (Foto de Luis ROBAYO / AFP)
(Foto: Luis ROBAYO / AFP)Manifestantes enfrentam tropas de choque durante protesto contra projeto de reforma tributária lançado pelo presidente Ivan Duque, apesar de o presidente ter ordenado que a proposta fosse retirada do Congresso, em Cali, Colômbia, em 3 de maio de 2021. - Manifestantes na Colômbia pediram na segunda-feira uma nova manifestação em massa depois que 19 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas em confrontos durante cinco dias de manifestações contra uma proposta de reforma tributária do governo. (Foto de Luis ROBAYO / AFP)
(Foto: Luis ROBAYO / AFP)Manifestantes enfrentam tropas de choque durante protesto contra projeto de reforma tributária lançado pelo presidente Ivan Duque, apesar de o presidente ter ordenado que a proposta fosse retirada do Congresso, em Cali, Colômbia, em 3 de maio de 2021. - Manifestantes na Colômbia pediram na segunda-feira uma nova manifestação em massa depois que 19 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas em confrontos durante cinco dias de manifestações contra uma proposta de reforma tributária do governo. (Foto de Luis ROBAYO / AFP)
(Foto: Luis ROBAYO / AFP)Um policial de choque o pegou com um coquetel molotov lançado durante confrontos com manifestantes que protestavam contra um projeto de reforma tributária lançado pelo presidente Ivan Duque, apesar de o presidente ter ordenado que a proposta fosse retirada do Congresso, em Cali, Colômbia, em 3 de maio de 2021. - Os manifestantes na Colômbia na segunda-feira convocaram uma nova manifestação em massa depois que 19 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas em confrontos durante cinco dias de manifestações contra uma proposta de reforma tributária do governo. (Foto de Luis ROBAYO / AFP)
(Foto: Luis ROBAYO / AFP)Manifestantes fazem vigília por outros manifestantes que morreram, desapareceram ou foram feridos nos últimos dias em protestos contra um projeto de reforma tributária lançado pelo presidente Ivan Duque em Cali, Colômbia, em 2 de maio de 2021. - O presidente colombiano Ivan Duque pediu ao parlamento retirou um projeto de reforma tributária que desencadeou quatro dias consecutivos de protestos e tumultos e anunciou que irá propor uma nova reforma tributária em breve ao Congresso. (Foto de Luis ROBAYO / AFP)
A ONU participou dessa comissão, mas não foi "alvejada diretamente", de acordo com seu escritório local de direitos humanos, via Twitter. O ministro da Defesa, Diego Molano, evitou referir-se ao ataque e garantiu que policiais e militares são vítimas de ataques orquestrados por grupos armados.
“O destacamento da força pública foi muito grande, sem precedentes, uma coisa apavorante. Eles não entram negociando com a comunidade mas atirando nos cidadãos”, disse Yonny Rojas, da Fundação Créalo, que zela pelos Direitos Humanos em Siloé, um bairro de Cali.
Molano anunciou na sexta-feira a chegada a Cali de mais de 700 soldados, 500 homens da força de choque (Esmad), 1.800 policiais e dois helicópteros para apoiar a força pública local.
“Lembramos às autoridades do Estado sua responsabilidade de proteger os direitos humanos, inclusive o direito à vida e à segurança pessoal, e de facilitar o exercício do direito à liberdade de reunião pacífica”, advertiu a porta-voz do ACNUDH.
O presidente conservador Iván Duque enfrenta protestos sem precedentes nas ruas desde que chegou ao poder em 2018. Sindicatos, indígenas, organizações civis, estudantes, entre outros setores insatisfeitos, exigem uma mudança de rumo de seu governo. As mobilizações atuais refletem também o desespero causado pela pandemia que atinge com força o país de 50 milhões de habitantes.
Em seu pior desempenho em meio século, o PIB da Colômbia despencou 6,8% em 2020 e o desemprego subiu para 16,8% em março. Quase metade da população vive na informalidade e na pobreza, de acordo com dados oficiais.
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