Há novidades importantes e merecedoras de elogios na Plataforma de Modernização da Saúde, anunciada pelo governo do Estado na última segunda-feira. A principal delas é o aspecto em que aponta para um caminho estruturante na nova política que se tenta estabelecer para a área, investindo com prioridade na busca pela informação e no uso de tecnologia em favor de uma maior eficiência no serviço que se presta à população, especialmente aquela de setores mais carentes.
É de grande importância que o conjunto anunciado de medidas exponha um esforço do governo de contornar as saídas históricas comumente apresentadas para os problemas do setor, em geral, com resultados insatisfatórios e que não conseguem consolidar soluções definitivas. Anuncia-se um investimento global de R$ 600 milhões, valor expressivo, embora não represente em si o ponto de maior relevância. O mais meritório a destacar é a disposição presente de buscar novos conceitos, implantar práticas modernas.
A ideia de integração, tão presente a vozes oficiais no evento de anúncio das medidas, precisa ser radicalizada. É incompreensível que o País que conseguiu colocar de pé e fazer funcionar uma engrenagem com a complexidade física e conceitual do Sistema Único de Saúde (SUS) apresente resistência ao juízo de que o serviço será melhor prestado na medida em que exista uma conversa efetiva e eficiente entre as instâncias políticas e administrativas envolvidas, entre as unidades com suas especialidades variadas e entre os órgãos e suas abrangências diversas. Portanto, o momento favorável há de ser aproveitado para que sigamos para além do discurso.
A iniciativa também apresenta grande acerto ao estabelecer pilares que lançam foco no que parece essencial a um sistema de saúde que se pretenda confiável. O secretário Doutor Cabeto fala em olhar o cidadão, buscar atendimento, valorizar as pessoas, investir na transparência e apostar na inovação e conhecimento, ou seja, aponta para caminhos que permitem ter otimismo com o que está por vir. Desde que, claro, as palavras realmente sejam fortes o suficiente para levarem às ações.
De nossa parte, além dos elogios ao que foi anunciado e da demonstração que oferecemos de otimismo real com a possibilidade da concretização do proposto, nos portaremos com o olhar vigilante para conseguirmos ir além da intenção e do que está idealizado. Inclusive pelo fato, que será cobrado aos governantes, de a vultosa verba envolvida estar garantida, não depender mais de outros passos para chegar à realidade das pessoas. Somos crentes de que é real a perspectiva de mudança na sensível área a partir do que foi anunciado, tanto quanto seremos, a partir de agora, críticos e cobradores de que ela realmente transforme a dura realidade da população cearense, hoje entregue a um sistema público de saúde muito distante de atendê-la com a qualidade de que se faz merecedora.n