A educação é o eixo estruturante do Estado Democrático de Direito, e a defesa dela se torna lugar-comum em todas as sociedades abertas e democráticas, sendo tarefa básica dos governos e missão de todas as instituições.
No entanto, diante do crescimento da pobreza, da violência, das desigualdades sociais e das ameaças à liberdade e à democracia que eclodem no Brasil e no mundo, nos damos conta de que não é suficiente defender a educação. É necessário ainda perguntar que educação queremos e a serviço de quem se deve promovê-la.
Afinal, é possível realizar uma educação comunicativa e emancipatória, como bem público e em favor do bem-estar social, mas também há a possibilidade de oferecer uma educação instrumental e colonizadora, voltada para interesses privados e em favor de minorias econômicas.
Da mesma forma, pode-se estabelecer processos educativos que formam mentalidades públicas, cooperativas e inclusivas ou, no lado oposto, privatistas, individualistas e elitistas.
Nesse sentido, tomemos três conceitos em ascensão nas universidades brasileiras: pesquisa, inovação e empreendedorismo. E fiquemos atentos à leitura crítica tão cara à maioridade intelectual buscada nas universidades.
Esses são conceitos eivados de questões políticas e econômicas, e as atividades a eles inerentes cumprem orientações ideológicas e objetivos previamente definidos. Por isso, é indispensável perguntar: para que e a favor de quem estão a pesquisa, a inovação e o empreendedorismo?
Sem essas perguntas, há risco iminente de perpetuação das injustiças. A pesquisa pode ser revolucionária em seu mérito e transformadora em sua aplicação, mas isso depende da orientação política para o uso dela.
Do contrário, ela pode simplesmente reforçar as distâncias entre ricos e pobres e aumentar as escalas dos graves problemas que acometem a humanidade: fome, violência, guerras, exclusão.
Os elitistas, os monocratas e os demagogos focam na excelência sem nenhuma preocupação com a inclusão e com a emancipação social. E, quando questionados, simplesmente respondem: isso é consequência natural. Será?