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Editorial: Coronavírus: cobrança imperativa
Opinião

Editorial: Coronavírus: cobrança imperativa

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O Brasil oficializou o primeiro caso de coronavírus no País, que é também o primeiro na América Latina. Trata-se de um homem que visitou a Lombardia, região da Itália onde se registraram mais de 320 casos de pessoas infectadas, das quais 11 morreram. No Brasil, existem outros vinte e um casos suspeitos, sob investigação, incluindo um no Ceará. O cearense é um médico que esteve na Itália há poucos dias. Depois de ser medicado e posto em observação no Hospital epidemiológico São José, foi-lhe permitido ficar em quarentena obrigatória em casa, à espera dos resultados finais. Em âmbito geral, o surto do Covid-19 fez 2.715 vítimas fatais só na China, e há cerca de 80 mil infectados no planeta.

Desde que os primeiros casos irromperam entre os chineses, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência internacional de saúde para o coronavírus, elevando o estado de prontidão dos países com o objetivo de tornar ainda mais rigoroso o controle da circulação do vírus.

O Brasil está preparado para enfrentar o coronavírus? Se o referencial for outras situações de risco de epidemias semelhantes já enfrentadas pelo Brasil - como, por exemplo, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), em 2002 e 2012, a resposta poderia ser sim. Todavia, na época referida, vigorava uma política pública mais inclusiva, que foi mudada, a partir de 2016, com os cortes da PEC dos gastos públicos, a vigorar durante 20 anos. Isso afetou a prestação de serviços públicos em áreas fundamentais.

Até então, o trabalho desenvolvido pelo Brasil, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), era reconhecido pela comunidade internacional como uma das melhores barreiras epidemiológicas do mundo. No atual contexto de restrições de verbas, há dúvidas se persiste a consistência anterior do SUS, sistema que representa a maior conquista da sociedade brasileira no campo social. Afinal, a atual filosofia ultraliberal que preside as políticas públicas é privatista (vê com maus olhos um sistema público de saúde) e coloca em segundo ou terceiro planos os investimentos na área social.

O certo é que cabe ao governo dar prioridade absoluta a uma política massiva de contenção e prevenção do vírus, apoiada, sobretudo, na informação. É essencial a manutenção de um sistema preventivo e contínuo, com protocolos rígidos para conter a entrada desse tipo de vírus no País e tratar os casos que porventura possam ter passado pelas barreiras da Vigilância Sanitária. O SUS sempre fez isso. Apoia-se na rede de hospitais de referência existente em todas as cidades brasileiras com portos e aeroportos. Resta à sociedade ficar atenta e ser proativa no apontamento de eventuais falhas. É questão de vida e morte. 

 

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