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Henrique Soárez: Como votar e não eleger
Opinião

Henrique Soárez: Como votar e não eleger

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Tipo Notícia Por
Henrique Soárez
Engenheiro eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e Uni7
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Henrique Soárez Engenheiro eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e Uni7

O quociente eleitoral (QE) explica por que Dummar Ribeiro (o vereador fortalezense eleito com o menor número de votos em 2016) conquistou uma cadeira na Câmara Municipal de Fortaleza, enquanto outros 63 candidatos mais votados não foram eleitos. O seu partido (PPS) arregimentou mais de 60 candidatos que juntos tiveram 65.190 votos e, assim, garantiu duas cadeiras parlamentares: Dummar Ribeiro e Michel Lins. Ailton Lopes concorreu pelo Psol e teve 12.483 votos: foi o mais votado entre os não-eleitos porque seu partido não obteve os 29.200 votos necessários para conquistar uma cadeira na Câmara. Curiosamente, Dummar e Michel tiveram juntos menos votos que Ailton.

Nas eleições proporcionais (vereadores e deputados) cadeiras são entregues a partidos. Um único vereador de Fortaleza teve votos suficientes para ser eleito independente de partido. E, assim, a maioria dos eleitores é feita mero coadjuvante. Somente 354 mil fortalezenses elegeram seus candidatos em 2016. Os outros 812 mil votos válidos serviram para eleger os mais votados dos respectivos partidos ou coligações. É, portanto, natural que tão poucos cidadãos lembrem em quem votaram. A representatividade sofre e os parlamentares se eximem de prestar contas.

Que ninguém se iluda: os partidos políticos conhecem muito bem as minucias da legislação eleitoral e já estão trabalhando pelo pleito de outubro. Votar de forma dispersa ou votar na legenda só ajuda a eleger quem não queremos. O que poderia o eleitor fazer para, em tempos de internet, agregar informações sobre o que esperar das urnas? Seria possível simular as intenções de voto para decidir concentrar as apostas em um candidato mais viável?

A plataforma VoteNet funciona há 4 anos à base de indicações entre conhecidos. Em 2018 contribuiu para eleger quatro deputados estaduais (Rio de Janeiro e São Paulo) e três deputados federais (Rio de Janeiro e Distrito Federal). Como toda startup, pode não ser a solução definitiva. Eleitores interessados irão usar esta e outras ferramentas para assumir a liderança do processo eleitoral. É no Parlamento que a mudança do País precisa realmente acontecer. 

 

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