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Um tema cansativo, mas necessário
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Um tema cansativo, mas necessário

Tipo Opinião

Não há como fugir. O assunto coronavírus e seus desdobramentos têm monopolizado grande parte da mídia em quaisquer áreas. É certo que os veículos têm recriado estratégias para fornecer ao público conteúdo em formatos variados. Todos querem chamar a atenção para o problema.

Houve um reforço nos habituais podcasts, transmissões ao vivo (live), material on-line e vídeos explicativos. Além do formato, é inegável que o conteúdo esteja dominando a maioria das páginas dos jornais, das chamadas dos portais de notícias e das publicações nos perfis das redes sociais.

Passadas algumas semanas desde o aparecimento dos primeiros casos da Covid-19 no País, disseminamos as principais informações acerca da transmissão do vírus, dos cuidados necessários a serem tomados, dos sintomas, das formas de atendimento. Ora, chegamos ao temido mês de abril, para o qual as perspectivas do número de casos no Ceará e no Brasil não são tão boas. E é aqui que o Jornalismo precisa ser mais vigoroso.

Além da Covid-19 na economia, na política, na cultura, nos esportes, obviamente na saúde, o que mais o Jornalismo deve oferecer à sua audiência? A sensação, pelo que converso com os leitores e pelas mensagens que recebo deles, é que muitos já se sentem exaustos por estarem frequentemente bombardeados com tanta informação sobre coronavírus, Covid-19 e tudo o que se refere a esse campo semântico.

Assim, como continuar chamando atenção do público para um problema que ainda existe, que é grave, mas seguir ajudando a população a superar essa pressão psicológica que o momento já nos traz?

Foco

Há uma certeza (dentre poucas, por ora): é necessário não desmerecer nem deslegitimar a situação de alerta e gravidade. A imprensa precisa sempre reforçar que o momento é delicado, e o distanciamento social, além de todas as recomendações assinaladas pelos especialistas, é o mais indicado. Sempre tendo por base as comprovações científicas.

Uma mudança de foco neste momento poderia representar a perda da força ou a diminuição da gravidade do problema. Assim, feliz ou infelizmente para uns e para outros, o assunto deve continuar sendo pauta.

Para o médico infectologista Jorge Luiz Nobre Rodrigues, professor Doutor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), a mídia vem, "de forma assertiva", informando a população acerca da prevenção contra a doença. Ele cita como positivo o alerta feito às autoridades sobre a necessidade de medidas mais severas, como a diminuição na superlotação nos transportes públicos e outros pontos de aglomeração.

O infectologista acrescenta que "os meios de comunicação são essenciais para disseminar as medidas de controle eficazes para enfrentar a pandemia da Covid-19, como denunciar práticas abusivas de alguns comerciantes (encarecimento do álcool em gel) e determinadas companhias aéreas e agências de turismo (multas para remarcação e/ou cancelamento de viagens)".

Ainda há muitos desafios, porém. "Entretanto, torna-se essencial, pelos meios de comunicação, o esclarecimento de fake news (notícias falsas), que são constantemente disseminadas nas mídias sociais e que geram condutas errôneas e pânico desnecessário. Histeria coletiva só agrava o já crítico quadro instalado no Brasil", sugere o médico, que é responsável pelo Serviço de Vigilância e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Universitário Walter Cantídio/Ebserh.

A explanação da boataria prosaica que corre à solta pelas redes sociais e pelos aplicativos de mensagens é, de fato, uma tarefa dura do Jornalismo frente a uma massa de usuários ávidos pela informação rápida, sucinta e passional. Faz também parte do Jornalismo a responsabilidade de manter o assunto no foco, dada a gravidade do momento, com as necessárias precisão, honestidade e transparência na divulgação dos dados.

Cansados, estamos todos. O que precisamos, a partir de então e sempre, é encontrar formas de manter o tema em destaque ao mesmo tempo em que não se desvia o radar do que está acontecendo fora do eixo coronavírus-Covid-19. Afinal, o público também precisa desse equilíbrio.

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