Conversa entre amigas ouvida hoje: "sabe quando você não tem informação e tudo parece "normal" do jeito que está?".
O futuro sempre despertou e continuará despertando inquietação. As pessoas buscam respostas que possam acalmar suas mentes e corações dentro da religião, esoterismo, autoajuda. No meio profissional, na tentativa de antever o amanhã, empresas vêm investindo, de forma crescente, em inteligência de mercado, buscando informações como fator primordial para tomada de decisão.
Peter Schwartz - autor com várias obras sobre o tema - já comentava que no futuro "voltaremos a viver inúmeros momentos em que as premissas sobre as quais vínhamos vivendo terão subitamente desaparecido".
John L. Petersen - outro consagrado autor - refere-se aos wild cards, grandes surpresas, difíceis de serem antecipadas. Porém, são de grande impacto e surpreendem a todos, porque se materializam tão rapidamente que os sistemas sociais não conseguem responder.
No ano passado, estava em sala de aula na pós-graduação justamente falando sobre análise de cenários futuros e citei hipoteticamente como exemplo de wild card um vírus devastador que atingisse as pessoas em âmbito global. Infelizmente este cenário deixou de ser apenas um exemplo acadêmico.
A gente constantemente se prepara para o óbvio, para aquilo que há de vir. Mas a vida é um risco: a combinação entre a probabilidade de ocorrência de determinado evento. A questão é como reagir àquilo não programado. Clarice Lispector escreveu uma frase em A Paixão Segundo G.H extremante profética para os dias de hoje: "terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade".
Imaginariamente faríamos os movimentos certos para o royal straight flush e sairíamos sempre bem. Não mais. Estamos todos na mesma mesa jogando com o desconhecido. Sem blefe. Um jogo no qual estamos apostando com vidas, com o futuro, com a fome, com o desespero, com a incerteza. E nossas cartas na manga são a ciência, a coragem, a consciência e amor ao próximo. #FicaEmCasa #TodosPorTodos *nada surge do nada.