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Saraiva Júnior: Geração intolerância
Opinião

Saraiva Júnior: Geração intolerância

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Saraiva Júnior, escritor (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Saraiva Júnior, escritor

O País vive uma situação dramática, que exige empatia e sensibilidade na escolha das palavras para amenizar a intolerância. A questão é como dialogar e não perder amigos, ainda que explicando situações fincadas em grandes mentiras.

O que dizer para aquele que segue o raciocínio das informações veiculadas pela grande mídia, sem procurar entender de fato os contextos sociais relevantes? Como argumentar com quem não distingue neoliberalismo de social democracia, publicando em suas redes conteúdos que expressam a culpa de todos os males como responsabilidade dos governos de esquerda, das "minorias" étnicas e das populações LGBT?

É bom não esquecer que em 1964 havia uma democracia funcionando normalmente. O vice-presidente havia sido eleito pelo voto popular. Em 1963, houve plebiscito que restituiu o presidencialismo por força de mais de oitenta por cento do eleitorado. Quando implantaram o golpe militar, desrespeitaram tais fatos com a justificativa do "perigo" iminente do comunismo. Em 2016, destituíram a presidenta Dilma sem que essa tivesse cometido crime algum. O objetivo era retirar a candidatura do ex-presidente Lula, apontado pelas pesquisas como provável vencedor ainda no primeiro turno. Mais uma vez, deram-se processos baseados em mentiras.

A elite brasileira sabe que dificilmente chegaria ao poder se não fosse através do golpe. Nesse caso, solicitou-se apoio aos Estados Unidos, o que foi concedido em troca do petróleo do pré-sal. Assim, o golpe de Estado foi aplicado uma vez mais. Porém, como encarar o Partido dos Trabalhadores, quando se sabe que alguns de seus membros agiram de forma corrupta? Ademais, o partido afastou-se das bases até transformar-se num organismo meramente eleitoral.

É difícil tocar nessas questões até mesmo com pessoas próximas. Tenho um amigo de infância que adora Coca-Cola. Parece que não adianta alertá-lo sobre os problemas de saúde causados pela ingestão da bebida. É como a polarização que veio para embotar a inteligência, a criatividade e a amizade em troca de um velho veneno. 

 

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