No neoliberalismo a liberdade econômica precede a vida, pois acumular riqueza é a sua finalidade última. Todavia, o conceito de liberdade, que a razão moderna empresta para a economia capitalista, além de ser negativo, significa ausência de impedimento, daí a ideia de livre mercado, é um universal abstrato. Já a vida, todos os organismos viventes, é parte resultado do fluir da natureza. Assim, a vida não pode ser comparada com a liberdade.

A liberdade de mercado é a liberdade para uns poucos explorarem o trabalho da maioria. É a liberdade de a maioria viver para trabalhar, e não de trabalhar para viver. Por isso, toda produção de ciência e tecnologia ser orientada para potencializar a acumulação de riqueza, tornando o uso do trabalho prescindível no processo de produção e acumulação de riqueza, percurso que impõe como corolário a necessidade dos capitalistas de implantarem uma diversidade de práticas genocidas para se livrarem dos indesejados, dos excluídos, que podem se transformar em um peso ou ameaça ao sistema. Das prisões às guerras, da miséria à desproteção social, são instrumentos da sociedade de morte.

Karl Marx e Friedrich Engels, em A ideologia alemã, constatam que a primeira premissa de toda existência humana e de toda história é que os homens se achem em condições de viver. "Para viver, todavia, fazem falta, antes de tudo, comida, bebida, moradia, vestimenta e algumas coisas mais. O primeiro ato histórico é, pois, a geração dos meios para a satisfação dessas necessidades".

Portanto, a economia que precisamos é o conjunto de saberes necessários para solucionar a escassez de bens essenciais à existência humana, não para a acumulação de riquezas, pois essa é um mecanismo de poder que gera a dominação, exploração e hierarquização de uma minoria sobre a maioria, controle de uns pouco sobre o destino da maioria e dos territórios. Já a liberdade, que potencializa a vida, é a autonomia para nos definirmos. n