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José Teixeira Neto: O "ser" patriota hoje
Opinião

José Teixeira Neto: O "ser" patriota hoje

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Tipo Notícia Por
José Teixeira Neto 
Bacharel em Economia e Direito e servidor público
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal José Teixeira Neto Bacharel em Economia e Direito e servidor público

O escritor, poeta e pensador britânico Samuel Johnson (1709-1784), escandalizou a todos em meados do século XVIII ao pronunciar a seguinte frase: "O patriotismo é o último refúgio do canalha". Como admitir que o amor ao seu país, aos seus símbolos - bandeira, hino, fronteiras, recursos naturais - tivesse tal conotação? Ocorre que a história tem revelado a apropriação do conceito para interesses horrendos. Líderes políticos populistas e oportunistas, usaram e usam o patriotismo e o xenofobismo como armas para mobilizar populações inteiras contra inimigos reais ou imaginários (judeus, comunistas, cristãos, muçulmanos, índios, negros etc.), como bandeiras para justificar ações belicosas. As duas grandes guerras mundiais exemplificam bem tais motivações.

No mundo globalizado de hoje, a questão está posta em outra escala, e a pandemia a revelou. Um problema sanitário do outro lado do mundo atinge todo o planeta em dias, ceifando milhares de vidas, ignorando fronteiras, culturas, ideologias, países pobres e ricos, todos vivendo a mesma tragédia. O patriotismo e o nacionalismo exacerbado da nação mais rica do mundo, não evitou ser a que mais tem perdido vidas. Então, tal conceito, carece de uma revisão no século XXI. O patriotismo que alimentou guerras, há de ter um significado mais nobre. Quem sabe a busca pelo bem comum para toda a humanidade.

O derretimento das geleiras nos polos, o desmatamento e queimadas na Amazônia, provocam o aquecimento global, enchentes, alterações climáticas e todo o planeta sofre as consequências.

Através da Encíclica 'Laudato Si', com o subtítulo: "sobre o cuidado da casa comum" o planeta, o papa Francisco critica o consumismo desenfreado, o desenvolvimento irresponsável e prega ações globais no combate a degradação ambiental e alterações climáticas. O Dalai Lama faz o mesmo a anos.

Enfim, creio que práticas assumidas como deveres fundamentais para a vida coletiva dos humanos e do planeta, visando melhorar a vida de todos, através da dedicação ao interesse público em escala globalizada, este sim, seria um apropriado e moderno conceito de patriotismo e civismo. 

 

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