Logo O POVO+
Yasmin Oliveira: A conquista do eu
Opinião

Yasmin Oliveira: A conquista do eu

Edição Impressa
Tipo Notícia Por

Ao nascer já carregamos expectativas, pois é ato falho e involuntário da humanidade refletir a si e suas atitudes no próximo, em especial na prole. Quando se nasce mulher, a sociedade com sua estrutura patriarcal entende poder incidir em nós o que é como devemos ser. Seja feminina, recatada, inteligente, discreta, case e tenha filhos.
No decorrer da nossa trajetória descobrimos que nosso coração palpita pela – pasmem – coleguinha e não podemos ter a verdadeira liberdade de desfrutar da doçura do primeiro amor ao enfrentar, talvez, nossa primeira batalha: o medo. O medo de ir contra o dito normal para o mundo e, principalmente, para quem a gente ama. Dizem que estamos erradas, que não podemos sentir, afinal, a “fase” vai passar.
O pavor de não se encaixar devora e o de decepcionar anula. Sentimentos que entram em ebulição rapidamente que como resultado, deixam marcas sem deixar de existir. De repente a receita do bolo que você acredita que sua vida seria está sob o risco de falhar, te gera medo e esse é o sentimento que te diminui e te mata por dentro, que faz você se esconder, afastar-se, sentir que precisa passar por tudo sozinha já que é assim que se sente: só.
Muitas vezes aprendemos a viver. Outras, você é privilegiada e encontra aceitação, amor e respeito no berço dos que ama e aprenderam a amar quem você é.
Você cresce, vai pro mundo e ele não aprendeu a respeitar. O machismo, a lesbofobia, a objetificação do corpo feminino e fetichização da orientação sexual existem. Você precisar gritar com força para ser mais e ninguém deveria ter de pelejar tanto para ser.
Encontramos nossos iguais, resistimos e somos mais que estereótipos, o fetiche e a invisibilidade impostas. Não temos outra escolha que não seja lutar por nós. Não aceitaremos o descaso e o desrespeito. Crescemos dentre adversidades e ainda assim florimos e olhamos para o lado com sororidade para que as conquistas sejam por todas nós.
Em nossas relações não há homens, em nossos padrões não há disputa de gênero. Não aceitaremos ser diminuídas pelo heteronormativo imposto. Viemos livres e amarras não farão mais marcas na nossa caminhada.

O que você achou desse conteúdo?