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Antonio Caubi Ribeiro Tupinambá: Eleições na Bolívia
Opinião

Antonio Caubi Ribeiro Tupinambá: Eleições na Bolívia

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Antonio Caubi Ribeiro Tupinambá
Professor da UFC
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Antonio Caubi Ribeiro Tupinambá Professor da UFC

É certa a vitória, em primeiro turno, de Luis Arce, candidato à Presidência da Bolívia pelo Partido MAS, do ex-presidente Evo Morales. Resultado esperado apesar das tentativas de intimidação e repressão dos votantes durante o pleito eleitoral deste domingo. Vale a pena lembrar que na última eleição, em 2019, seus resultados não foram respeitados. No momento em que foram contados os votos, a oposição derrotada levantou suspeita de fraude no pleito, o que foi desmentido posteriormente. Tratou-se de um claro subterfúgio para se perpetrar um golpe de Estado.
A comunidade internacional deve estar vigilante para que os resultados da eleição de domingo, 18 de outubro de 2020, sejam respeitados e a democracia triunfe na Bolívia. O ex-presidente Evo Morales foi o primeiro indígena que ficou à frente do país mais indígena do continente latino-americano, trazendo, durante seu governo, medidas inovadoras que resultaram em um inegável progresso social e econômico para seu povo. Em uma região marcada pelas desigualdades e falta de perspectiva para sua população original majoritária que habita o altiplano andino e outras regiões do país, viu-se um olhar presidencial atento e capaz de trazer mudanças políticas e sociais que beneficiassem não somente a população euro-descendente ou não indígena. A Bolívia teve seu último golpe em 2019 contra Evo Morales, que foi visto, oficialmente, como uma “crise constitucional” forçando a ida de Morales para o exílio no México após as ameaças e exigências dos militares. Um golpe que não significava somente a tomada do poder pela direita boliviana, mas também uma forma explícita de golpe racista e fundamentalista cristão para estabelecer um governo neoliberal de extrema-direita. Isso se testemunhava, à luz do dia, nas marchas das milícias fascistas, que queimavam bandeiras Wiphala, representação do povo indígena boliviano e de regiões andinas. Carlos Mesa, aposta da oposição ao partido MAS e grupos de direita fascista acusavam terem sido fraudadas as eleições presidenciais. Esses grupos, em sua maioria, representam oligarcas, latifundiários e empresários ligados a grandes corporações estrangeiras. Muitos dos cerca de 7,3 milhões de bolivianos que acudiram às urnas no domingo sofreram repressão e intimidação nas ruas, seja por agentes do Estado ou pelos grupos paramilitares que também atacaram sedes de movimentos sociais. Essa foi a primeira eleição nacional em que as Forcas Armadas fizeram a segurança das urnas e das zonas eleitorais. Repressão e intimidação não conseguiram impedir a expressão do desejo do povo boliviano de retomar a democracia roubada.

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