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Ítalo Coriolano: O governo das mentiras
Opinião

Ítalo Coriolano: O governo das mentiras

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Ítalo Coriolano, jornalista do O POVO (Foto: Camila de Almeida)
Foto: Camila de Almeida Ítalo Coriolano, jornalista do O POVO

Causou grande repercussão negativa a fala do ministro Eduardo Pazuello de que nunca indicou nenhuma medicação para tratamento precoce contra a Covid-19. Pegou mal porque se trata de uma grande mentira, facilmente constatada com uma pesquisa no Google. Aliás, Pazuello foi nomeado para o cargo exatamente para fazer virar realidade a vontade do presidente Jair Bolsonaro de espalhar pelo País a panaceia da cloroquina, remédio sem comprovação científica.

Com essa postura medíocre, o projeto de gestor mostra que vem seguindo à risca a cartilha "me fazendo de doido pra melhor passar" elaborada pelo presidente da República. Quando se vê acuado ou sofre algum tipo de derrota acachapante, como foi o caso da vacina do Butantan e também da crise de oxigênio no Amazonas, Bolsonaro parte para devaneios como estratégia de defesa.

Como a de que o Supremo Tribunal Federal (STF) impediu o Palácio do Planalto de agir no combate à pandemia, quando qualquer pessoa com o mínimo de capacidade cognitiva sabe que a Corte apenas garantiu a governadores e prefeitos o direito de estabelecer medidas consideradas essenciais para evitar uma tragédia ainda maior na vida dos brasileiros, como isolamento social e lockdown. Ou seja, tudo o que o presidente era contra.

Vai aqui outra pequena amostra do rosário de mentiras: que o presidente da Câmara Rodrigo Maia barrou o 13º do Bolsa Família - sendo que foi um pedido da própria equipe econômica do Executivo -, que a esquerda quer descriminalizar a pedofilia, que incêndios na Amazônia são causados por índios e caboclos, que máscaras anticovid podem ser prejudiciais à saúde por reter CO². Imagine o efeito disso tudo sobre uma população sem amplo acesso à educação e informações de qualidade, que veem na figura do presidente da República referência em termos de boa conduta.

Mas o que temos, na verdade, é a construção de uma realidade paralela que beira a insanidade, dentro de um projeto político de poder que não vê limites para alcançar seus objetivos. Foi assim na campanha de 2018 e vem se repetindo ao longo do mandato. Um grande perigo à nossa democracia, o que exige reação à altura do Congresso, do STF, e da sociedade como um todo. 

 

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