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Pedro Henrique Chaves Antero: Macacos e bebês
Opinião

Pedro Henrique Chaves Antero: Macacos e bebês

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Pedro Henrique Chaves Antero
Professor de Ciências Políticas
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Pedro Henrique Chaves Antero Professor de Ciências Políticas

A preocupação atual com a natureza, constituída de fauna e flora, é um fenômeno que caracteriza a humanidade de hoje que vive no nosso planeta, ameaçado de ser destruído. Os homens são responsáveis, em parte, pela destruição, muito embora medidas de defesa já estejam sendo adotadas. O Brasil, em razão disso, tem sido criticado, pois o desmatamento da Amazônia que ocorre há muitas décadas não foi reduzido de maneira satisfatória.

As nações desenvolvidas da Europa já tiveram destruídas suas florestas nativas e são agora receptadoras da madeira extraída, clandestina e ilegalmente, das florestas brasileiras. Até mesmo o Vaticano está envolvido nas discussões do meio ambiente, apesar de não ser especialista na matéria. Assim, realizou no ano passado um sínodo sobre a Amazônia, considerado por muitos católicos como mal orientado.

Meio ambiente é um valor inquestionável para o mundo moderno, pois a poluição do planeta chega a níveis insuportáveis. A Santa Sé tem o direito e até mesmo o dever de colaborar com a causa, conscientizando o cristão para a gravidade do assunto. Entretanto, a hierarquia da Igreja Católica não poderia engajar-se na defesa da Amazônia, ao lado de partidos políticos de viés totalitário, contra outros de orientação liberal e democrática. A ideologização do tema tem concorrido para o atraso da adoção de medidas saudáveis, tanto em favor do meio ambiente quanto em favor daqueles que vivem no seio da floresta.

O papa Francisco tem a justa preocupação com as questões sociais e ambientais. Suas ideias, contudo, são ligadas ao pensamento socialista, afastando os fiéis que têm convicções mais liberais e democráticas. Assim é que o papa se recusou a receber o secretário de Estado americano, mas recebeu o ex-presidiário Lula, em grande estilo; não se tem notícia de que fez críticas públicas contra os crimes praticados na Venezuela, na Nicarágua ou em Cuba e, recentemente, silenciou em relação à legalização do aborto na Argentina, orientada pelo governo peronista de Alberto Fernández. Enquanto isso, sua santidade já fez duras críticas ao atual governo brasileiro, de orientação liberal e democrática, em relação ao meio ambiente, sabendo-se que a questão da Amazônia é histórica, não tendo sido possível, ainda, a adoção de uma política que beneficie tanto o homem quanto a natureza.

Não há dúvida que os macacos devam ser bem tratados e preservados nas florestas, mas também que os bebês de dois a três meses de idade, na Argentina, tenham direito à vida. Quando o profeta Jonas se sentou à sombra de uma árvore para refletir sobre o que lhe acontecera em Nínive, o sol quente ressecou a planta, o que deixou Jonas bastante condoído. Deus, então, disse a Jonas que sua compaixão deveria se dirigir aos ninivitas e não à planta. 

 

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