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A aldeia global, segundo McLuhan
Opinião

A aldeia global, segundo McLuhan

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Rui Martinho Rodrigues, historiador, professor da Faculdade de Educação da UFC (Foto: Georgia Santiago, em 01/06/2010)
Foto: Georgia Santiago, em 01/06/2010 Rui Martinho Rodrigues, historiador, professor da Faculdade de Educação da UFC

O mundo ficou pequeno. Marshall McLuhan (1911-1980) o descreveu como aldeia global. A revolução tecnológica venceu a distância e o tempo. A taba global trouxe desafios. Epidemias antes restritas a espaços limitados, tornaram-se globais. O cosmopolitismo cresceu no arraial global. Migrações explodiram.

O multiculturalismo acicatou velhas rivalidade entre civilizações, descritas por Samuel Phillips Huntington (1927 - 2008), na obra " Choque de civilizações". Ocidentais voltaram a ser vistos como cruzados, reafirmando Huntington e a longa duração histórica referida por Fernand Braudel (1902 - 1985) com a memória das cruzadas, com a ajuda dos incitadores de conflito.

O cosmopolitismo pela via das comunicações e pelas migrações juntou-se ao velho multiculturalismo histórico, cujas formas predominantes eram do tipo assimilacionista e interativista, apresentou forte crescimento da forma diferencialista, que tende a excitar conflitos.

Identidades nacionais estão sendo eclipsadas por grupos identitários consectários ao multiculturalismo diferencialista. A aldeia global tem problemas integrados como corolário da globalização.

Mudança cultural rápida e profunda, resultante de tudo isso, tomou a forma de aculturação. Contribuíram para tanto os herdeiros do iluminismo, que aspirando ao exercício das funções políticas dos reis filósofos de Platão (428/427 - 348/347 A.C.), na obra "A República", incansavelmente envidam esforços por promover as mudanças aludidas.

A exceção das culturas exóticas em face da tradição judaico-cristã, que são toleradas e compreendidas, as referências do homem comum são execradas. A perda de referências sem a sedimentação de novos valores aproximou-se da anomia.

Estados nacionais fragilizados, ao lado de problemas transnacionais como criminalidade internacional, terrorismo e problemas ambientais, somado "A ascensão dos dados e a morte da política" (coletânea de Evgeny Morozov 1984 - vivo), com o fortalecimento das Big Tech o mundo está diante de uma grave ameaça à democracia: o globalismo ou neocolonialismo

 

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