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Senhores generais, ameaçar com armas é covardia
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Senhores generais, ameaçar com armas é covardia

Tipo Opinião

Claro que as pessoas mais perspicazes já haviam avaliado como ameaça de golpe o "pronunciamento" do general Villas Bôas, então comandante do Exército, às vésperas do julgamento de um habeas corpus, no Supremo Tribunal Federal (STF), em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na época (abril/2018), Villas Bôas postou o seguinte em seu Twitter:"Nessa situação que vive o Brasil resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do país e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?"

Em seguida: "Asseguro à nação que o Exército julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade... bem como se mantém atento às suas missões institucionais".

O próprio general já dera pistas de que sua intenção era pressionar o Supremo. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo (11/11/2018) ele disse: "Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuíte da véspera da votação no Supremo da questão do Lula".

Complementou afirmando que a sua advertência teve "saldo positivo". Ou seja, um recado que os militares não aceitariam outro resultado no STF que não fosse a prisão de Lula.

E o habeas corpus, de fato, foi negado no Supremo, em decisão dividida: 6x5. Lula foi para a cadeia em Curitiba, vendo ser enterrada qualquer possibilidade de participação da corrida presidencial de 2018.

Porém, agora - em livro publicado pela FGV - , o general confessou, sem subterfúgios, seu intento contra a democracia, com a participação do alto comando do Exército, pois os termos do Twitter foram discutidos entre eles. Villas Boas diz que a postagem com o intuito de emparedar o Supremo era mais dura, mas que foram retiradas as menções diretas a uma possível intervenção.

Para generais com pendores golpistas essas decisões que tomam devem parecer atos de coragem. Porém, são pura covardia, pois eles têm as armas nas mãos. Eles se esquecem que o arsenal à disposição deles deveria servir para defender o País de ameaças externas — e não para ameaçar a democracia e o povo brasileiro. 

 

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