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Regina Ribeiro: Silveira, o delinquente democrático
Opinião

Regina Ribeiro: Silveira, o delinquente democrático

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Regina Ribeiro
Jornalista do O POVO
 (Foto: Iana Soares/O POVO)
Foto: Iana Soares/O POVO Regina Ribeiro Jornalista do O POVO

Era umas três horas da tarde quando me dirigi ao restaurante do Senado, em Brasília, durante uma rápida e valorosa passagem pela cidade, cobrindo a ruidosa CPI dos Anões do Orçamento para O POVO.

Estava em companhia de duas jornalistas experientes, cada uma com mais de uma década de cobertura do Congresso para veículos de circulação nacional. Uma delas disse uma brincadeira que eu nunca esqueci enquanto convidava para irmos ao restaurante dos "melhores paletós". "Lembrando", disse ela, "que em Brasília, os paletós mais bem talhados, via de regra, vestem os homens com menos caráter".

Brinquei com ela que no hotel onde estava hospedada havia encontrado um cearense que cobria a Câmara há seiscentos anos e que ele também falava sobre os paletós no Congresso. Em tom de troça, dizia que os melhores cortes estavam nos ombros dos que tinham mais poder.

Provisório, mas era poder. Naquela época eu já não dava muita trela a isso, preferia uma boa pesquisa, além de perguntar e observar.

Mas o paletó do deputado Daniel Silveira, preso por desacatar e ameaçar os ministros do STF, fisgou meus olhos em várias fotos publicadas em sites de notícias.

Observei um quê de elegância na escolha dos tons, no caimento do blazer, na combinação da camisa e gravata. A imagem estética do homem nem de longe revela o delinquente democrático que ele é.

Aliás, já era. Um insubordinado que não entende os limites dos seus deveres. Preso e detido por mais de 100 dias enquanto foi da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Uma espécie de braços fortes e cérebro fraco por má formação intelectual, sem nenhum tipo de serviço prestado ao País, à sua cidade, ao bairro, a quem quer que seja.

Esses tipos machões diante de um vídeo coalharam os legislativos estaduais em 2018. Homens sem nada para oferecer à sociedade que não seja uma língua solta e desarticulada que emite palavras e sons desconexos com a realidade e que alimenta a alma anímica do bolsonarismo.

Li cedinho que de 24 bancadas dos partidos existentes na Câmara Federal, três defendiam soltar Daniel Silveira.

No Ceará, o deputado estadual André Fernandes, outro que não tem um dia de serviço dado pelo bem de nenhum cearense, mas que foi eleito no rastro disseminador da estupidez bolsonariana, ameaçou deixar o Republicanos, caso o partido seja contra a soltura de Silveira. Bons paletós. E nada mais. Ainda bem que a nossa democracia não depende desses homens. 

 

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