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Guilherme Muchale: Recuperação em K e otimismo da indústria
Opinião

Guilherme Muchale: Recuperação em K e otimismo da indústria

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Guilherme Muchale, Observatório da Indústria (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Guilherme Muchale, Observatório da Indústria

A pandemia trouxe intensas repercussões econômicas e sociais conhecidas por todos nós. A imprevisibilidade permeou as análises sobre a velocidade de retorno à "normalidade", desde uma rápida recuperação econômica, em formato de "V" ao retorno lento e gradual em "U".

Entretanto, a mudança de hábitos de consumo, a necessidade de distanciamento social e a diferença na capacidade de adaptação das empresas direcionaram os debates para cenários mais reais e complexos em que, enquanto algumas atividades apresentam rápida recuperação, outras demonstram contínua dificuldade em se adaptar a essa nova realidade, popularizando o termo "recuperação em K".

De fato, trazendo as discussões para o contexto brasileiro, a divergência de ritmo de recuperação é ilustrada pelos números do mercado de trabalho.

Em 2020, o setor de serviços demitiu 130 mil pessoas, sendo cerca de 300 mil trabalhadores de restaurantes e hotéis, enquanto nos serviços de informação as contratações somaram mais de 200 mil. Na indústria, o setor de construção foi responsável pela criação de 112 mil empregos e a indústria de alimentos elevou em mais de 3% seu número de funcionários.

De maneira geral, a confiança dos empresários industriais no Ceará e Brasil encontra-se em níveis superiores ao período pré-pandemia, otimismo que se traduzirá em elevação dos investimentos, compra de matérias-primas e empregos gerados.

As expectativas das principais instituições de mercado indicam crescimento superior a 3% do PIB nacional, com a indústria sendo a principal responsável por esse resultado.

No Ceará, a maior rigidez nas políticas de distanciamento social e o impacto positivo do auxílio emergencial facilitaram a rápida recuperação após a retomada das atividades.

Em 2021, exceto em cenários mais pessimistas, espera-se o avanço do PIB estadual em 4,5% e da produção industrial próximo a 10%, puxada pelo crescimento da indústria química, de bebidas e da moda.

Os juros baixos possibilitarão novos investimentos, sobretudo na construção. Ao mesmo tempo, a elevação da demanda internacional por insumos traz perspectivas positivas para o crescimento da produção de minerais não metálicos e do aço.

Obviamente a concretização dessas expectativas é influenciada pelo fim do auxílio emergencial, do controle da expansão da Covid e pelo ritmo da vacinação.

Além de garantir a efetividade das ações sociais, científicas e de saúde pública necessárias, reforça-se a relevância da redução do Custo Brasil, sobretudo com as reformas tributária e política para assegurar a plena recuperação econômica. 

 

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