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Emília Buarque: Os dois lados da moeda
Opinião

Emília Buarque: Os dois lados da moeda

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Emília Buarque, presidente do Lide Ceará (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Emília Buarque, presidente do Lide Ceará

O PIB do Brasil em 2020 foi US$ 1,420 trilhão. Em real, a queda foi de 4,1% em relação ao ano anterior, mas, em dólar, foi ainda mais expressiva, devido às constantes altas da moeda americana. Com isto, caímos em posição, para o 12º lugar entre as maiores economias do mundo.

É verdade que já vínhamos patinando com crescimento inexpressivo de 1% ao ano, na sequência das últimas recessões, e que se previa queda ainda maior diante da crise.

O retrato de 2020 foi o de setores como serviços, com baixa ou nenhuma produtividade; indústria no ciclo continuado de arrefecimento; as exportações afetadas pela crise nos transportes e embalagens; porém, o agro com excelente performance, o que foi determinante para um cenário menos trágico.

Injeções feitas na economia, como um socorro ao consumo, sem dúvida, foram atenuantes, o que segurou o comércio. No entanto, não têm sustentabilidade, pois são medidas de curto prazo. Atenção maior devemos ter para a crise de confiança, que desta vez refere-se tanto ao consumidor brasileiro, como também aos investidores estrangeiros.

Para 2021 temos uma nova PEC aprovada, garantindo auxílio emergencial aos cidadãos que mais precisam. Mas entendam que o Congresso aprovar R$ 44 bilhões fora do teto de gastos não significa que esta conta não vá chegar para os brasileiros.

Enquanto comemos este dinheiro aprovado, digo sobre o povo que passa fome e precisa do auxílio e sobre a economia que ganha com o consumo, seremos cobrados adiante, com o crescimento da dívida pública e consequente aumento de impostos e inflação.

A conta não fecha. E sabe por que não fecha? Porque o prioritário não está sendo feito, que é cortar despesas obrigatórias desta máquina superlativa, cara e cheia de privilégios, que se chama setor público.

Portanto, o plano para pandemia é vacina, muitos de nós já sabíamos. Os que só se convenceram agora tentam correr para recuperar o tempo perdido. Mas o que precisa ficar claro é que precisamos de um plano para o Brasil, pois o que compramos nas últimas eleições, com a promessa de um Estado enxuto, ainda não foi entregue.

Atentem! Perdem neste jogo, mais uma vez, a classe média, que está sendo achatada, e a baixíssima renda, que, mesmo com auxílio, não terá fôlego para se erguer. O nome disso é desigualdade.

 

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