Nesses tempos inglórios de pandemia, uma notícia efetivamente merece destaque: a possibilidade do Ceará vir a ser um grande polo produtor/exportador de "hidrogênio verde", conforme anunciado no dia 19 de fevereiro pelo governo estadual.

Notícia relevante por vários aspectos. Primeiro, pela disposição das entidades produtivas, através da Fiec, e da academia, por meio da UFC, se disporem a contribuir para posicionar o estado do Ceará como referência mundial em economia sustentável.

E, em consequência , auxiliarem na criação do "hub de hidrogênio verde" no Porto do Pecém, onde a empresa australiana Energix Energy se dispõe a aplicar U$ 5,4 bilhões - talvez o maior investimento privado que o Brasil receba nos próximos dois ou três anos.

Mas há outras sutilezas a serem consideradas. Por qual razão um grupo australiano escolheu justamente o Ceará para um investimento tão expressivo? E fabricar, por exemplo, um combustível cuja utilização num automóvel resulta em água no escapamento em vez de gás carbônico?

Talvez as respostas estejam associadas a iniciativas anteriores dos cearenses. Em 2003 o Ceará instalou o primeiro parque eólico do Brasil, no Mucuripe. Uma experiência que se propagou pelo País. (Agora a questão é tratar de energia solar e a partir dos ventos em instalações no mar - ou off shore)

E essas fontes limpas (sol e ventos), combinadas, vão ajudar a garantir a produção de uma energia efetivamente verde e de grande potencial (o hidrogênio) - numa equação que não resulta em mais emissão de carbono na atmosfera.

As aplicações do hidrogênio são muitas e vantajosas. Pode, por exemplo, ser transportado em navios e exportado. E aí entra outra iniciativa cearense importante: o Porto do Pecém, com localização privilegiada em relação a muitos mercados.

No lançamento do projeto hidrogênio verde, o governador Camilo Santana ressaltou o valor do investimento; a geração de empregos associados; a atração de tecnologia inovadora e disse também que o Ceará pode se tornar um exportador de energia para outros estados e até países.

A fala do governador pode parecer demasiada otimista, mas também pode ser lida como um reconhecimento da capacidade empreendedora dos cearenses. Somos vocacionados a superar desafios e inovar.