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Ítalo Coriolano: Bolsonaro e a versão piorada de projeto de Capitão Wagner
Opinião

Ítalo Coriolano: Bolsonaro e a versão piorada de projeto de Capitão Wagner

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Nas eleições municipais de 2016, uma proposta do então candidato a prefeito Capitão Wagner chamou atenção: doação de terrenos a policiais militares para a construção de moradias.

A promessa, vista como uma forma de privilegiar boa parte de sua militância política, acabou sendo alvo de muitas críticas.

Ítalo Coriolano Jornalista do O POVO(Foto: Camila de Almeida)
Foto: Camila de Almeida Ítalo Coriolano Jornalista do O POVO

Pegou tão mal que o hoje deputado federal nem tocou no assunto na disputa pelo Paço Municipal do ano passado. Fez certo, afinal, há critérios mais justos e transparentes para a concessão desse tipo de benefício.

Cinco anos depois, eis que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido e sem noção), que também tem entre os membros das forças de segurança sua base eleitoral, resolve dar R$ 100 milhões para que policiais possam comprar casas.

Você não leu errado. São 100 milhões em subsídios para um programa habitacional voltado exclusivamente para essa fatia da população que, ressalta-se, não é das mais bem pagas, mas que está numa situação de renda muito superior que milhões de brasileiros que vivem em barracos, nas ruas ou em áreas de risco.

Segundo dados da Fundação João Pinheiro, ano base de 2019, o déficit habitacional em todo o Brasil está em 5,8 milhões de moradias.

Com tendência de aumento, tendo em vista que cada vez mais pessoas não têm condições de arcar com aluguel.

A sandice presidencial não tem aval do próprio Ministério da Economia, que afirma que o programa para os policiais não se encaixa nas prioridades que o momento atual enfrentado pelo País exige.

Ou seja, Bolsonaro, que se nega a dar um auxílio emergencial de R$ 600 a quem não têm perspectiva de sobrevivência, quer esbanjar R$ 100 milhões em uma ação eleitoreira absurda no meio de uma pandemia.

A expectativa inicial é que o programa atenda 200 mil profissionais, podendo chegar a 500 mil num futuro próximo.

Faltando pouco mais de um ano para as eleições, fica óbvio que o intuito do presidente é barganhar apoio usando dinheiro público, desequilibrando o processo eleitoral de forma perigosa.

Que as instituições - CGU, Congresso, Supremo Tribunal Federal (STF) - tomem as devidas providências para barrar mais esse atentado à nossa democracia. O regime miliciano de poder não pode prevalecer. n

 

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Ítalo Coriolano

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