Logo O POVO+
Randolfe Rodrigues: CPI da Pandemia e os seus próximos passos
Opinião

Randolfe Rodrigues: CPI da Pandemia e os seus próximos passos

Edição Impressa
Tipo Notícia Por

A CPI da Pandemia reinicia seus trabalhos presenciais em 3 de agosto, após o término do recesso legislativo. Nas últimas duas semanas, embora não tenham ocorrido sessões deliberativas ou oitivas de testemunhas, as investigações não foram interrompidas: o tempo foi aproveitado para perícia dos documentos recebidos e cruzamento de informações com os dados já coletados pela CPI.

As suspeitas de adoção pelo governo federal de uma estratégia deliberada de exposição da população brasileira ao novo coronavírus em busca da imunidade coletiva de rebanho é reforçada com a análise minuciosa da documentação em posse da comissão, bem como a aposta no chamado kit-covid, um coquetel de medicamentos sem nenhuma eficácia comprovada contra os casos graves da doença ou mesmo impedimento para a contaminação.

Ainda neste sentido, os trabalhos até agora permitem afirmar que as medidas de contenção do espalhamento do coronavírus também foram negligenciadas pelo governo federal - senão ignoradas.

A tentativa de minimizar a gravidade da pandemia, o boicote ao uso de máscaras e ao isolamento social, a disseminação de desinformação e notícias falsas sobre a crise sanitária, entre outras atitudes, reforçam a negligência na condução do problema.

O volume de dados coletados e analisados ajuda a traçar um panorama da resposta governamental à pandemia do novo coronavírus e explica o elevado índice de contaminações e mortes decorrentes da covid-19 no Brasil.

Porém, foram as denúncias de superfaturamento em contratos e pedidos de propina para a compra de vacinas que explicitaram a trama macabra a qual o povo brasileiro foi submetido.

As suspeitas de corrupção envolvendo a compra de imunizantes para aplicação na população envolve diferentes vacinas e personagens. Entretanto, o esquema identificado é comum a todas as denúncias, isto é, respondem a um mesmo método: o uso de intermediários nas negociações e comissionamento pela participação no processo, com a celebração de contratos superfaturados para posterior distribuição de propina. Em outras palavras, corrupção clássica.

O surgimento dessas denúncias inaugurou um novo momento na CPI da Pandemia, além de obrigar a prorrogação dos trabalhos.

Queremos investigar a fundo as negociações envolvendo a compra de vacinas. Afinal, elas trazem esperança para o controle da pandemia e retomada da normalidade, sendo particularmente perverso usá-las para desvio de recursos públicos.

A previsão é de concluirmos os trabalhos já em setembro. A sociedade brasileira exige urgência nas respostas que elucidem como nos tornamos epicentro mundial da pandemia, além de contabilizarmos mais de cinco milhares de centenas de mortes por covid-19. E quer ver passada a limpo a questão dos imunizantes. Afinal, enquanto o povo pedia por vacina, o governo federal ia em busca de propina.

 

Foto do Articulista

Randolfe Rodrigues

Articulista
O que você achou desse conteúdo?