Infelizmente, o debate público continua restrito a grupos fisiológicos que advogam por interesses alheios aos anseios sociais. O Congresso Nacional, que, após o pleito de 2018, aparentava ter sido renovado, demonstra que a relação parasitária entre parlamentares corruptos e o Estado continua sendo a regra, não a exceção. Tais parlamentares são, na verdade, indivíduos sem qualquer ideologia, de modo a aderirem a todo tipo de discurso, desde que a pauta lhes traga benefício eleitoral e econômico. A falta de ideologia utiliza o codinome "Centrão", conhecido no convívio social brasileiro.

O presidente da República, da mesma forma, conseguiu iludir a maioria dos votantes com a ideia de que o Brasil ficaria livre da corrupção, o que sempre será, na verdade, uma falácia. É possível minorar a corrupção, mas eliminá-la não, pois é um defeito inerente à natureza do ser humano social. Bolsonaro se elegeu com um discurso mentiroso. Entretanto, como estava claro, o mandatário se rendeu (sempre esteve rendido) ao "establishment" que tanto criticava. Hoje, ele tem como inspiração para suas relações com o Congresso o quadro "Quem quer dinheiro" do grande apresentador Silvio Santos. Contudo, diferentemente de Senor Abravanel, Bolsonaro utiliza o dinheiro do povo em benefício de poucos, com o escopo de aprovar suas ideias, as quais sequer podem ser chamadas de projetos. Supostos orçamentos paralelos e supostas propinas em compra de vacinas são exemplos de estratégias utilizadas pelo Executivo para usurpar os contribuintes.

Enquanto isso, a inflação dispara, as pessoas trocam carne por ovo e deixam de utilizar seus automóveis. O Brasil está afundando, as instituições da República estão sendo enfraquecidas e o combate à corrupção sendo impedido. Os brasileiros estão sob uma pena imerecida.