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Silvana Parente: Influência política no BNB e o microcrédito
Opinião

Silvana Parente: Influência política no BNB e o microcrédito

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O BNB tem hoje dois grandes pilares do desenvolvimento: a gestão do FNE principal instrumento de financiamento do setor produtivo e a gestão do Crediamigo, maior programa de microcrédito produtivo da américa latina que irriga os pequenos negócios da base produtiva.

Um estudo publicado pelo World Without Poverty (2017) apresenta o caráter de excelência de um banco público conseguir atingir milhões de empreendedores de baixa renda, sem subsídios governamentais, com qualidade e sustentabilidade, controle do risco e baixo custo, destacando o caráter chave e inovativo da parceria com o Inec (Instituto Nordeste Cidadania).

Dentre as razões para o êxito do Programa estão: a adoção rigorosa da metodologia do microcrédito produtivo orientado e das finanças de proximidade; a crença na viabilidade e capacidade gerencial dos pequenos empreendedores; a adoção do bônus de adimplência para estimular a pontualidade; a diversificação de produtos; a incorporação de tecnologias e a parceria com uma organização social especialmente estruturada para dar flexibilidade e proximidade necessárias para a confiança entre agentes de crédito e clientes.

A influência política no BNB já foi materializada pela decisão do Banco em romper o modelo institucional de negócios bem sucedido que operacionaliza o microcrédito desde 2003, em parceria institucional com o Inec, a quem cabe operacionalizar as diretrizes e estratégias formuladas pelo BNB, sendo responsável por selecionar, capacitar e contratar o pessoal (agentes de crédito e outros), remunerá-los de acordo com a performance, abrir unidades de atendimento, monitorar a metodologia do crédito orientado e prestar contas das atividades, custos e resultados. Ano passado o Crediamigo realizou 3,9 milhões de operações aplicando R$11,5 bilhões captados no sistema financeiro.

O impacto dessa interferência, de cunho ideológico e que se mistura com a disputa política pela presidência do Banco, implica no desmonte de um modelo de negócios sustentável e consolidado do ponto de vista empresarial, com impacto negativo no empreendedorismo de pequeno porte da Região, e que só interessa ao capital financeiro privado que mira nessa base de clientes populares para ampliar seus lucros. Esta e outras ameaças por vir do Governo Federal com respeito ao futuro dos fundos constitucionais no âmbito da reforma tributária, merecem a mobilização das lideranças empresariais e políticas da Região. n

 

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Silvana Parente

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