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Pedro Henrique Chaves Antero: "Ostra feliz não faz pérola"
Opinião

Pedro Henrique Chaves Antero: "Ostra feliz não faz pérola"

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Quando o professor e escritor Rubem Alves fala sobre democracia, ele insiste em dizer que uma organização democrática só é possível se existir um equilíbrio de poder entre seus membros. E reconta, então, a parábola do lobo e do cordeiro e mostra que na sociedade dos dois não é possível a vida democrática. O cordeiro é esmagado pela força do lobo.

Esse quadro, apresentado por Rubem Alves, é o retrato do que ocorre hoje na sociedade brasileira. Desde o início de 2019, os lobos declararam guerra ao presidente e impediram que ele governasse o país, segundo a vontade da maioria. Anularam as condenações contra o presidiário Lula, libertaram-no da prisão, restituíram-lhe os direitos políticos e o colocaram como candidato à presidência da República. E tudo isso foi feito de modo arbitrário e inconstitucional.

A ousadia dos lobos, liderada pelos membros do STF, chega, agora, à última etapa do seu processo criminoso, ou seja, a apuração dos votos. Em lugar de preparar uma eleição transparente, o TSE prefere trilhar caminhos tortuosos, enganar a população e nomear o novo presidente.

Ocorre, porém, que os cordeiros estão atentos, lutando para que isso não venha a acontecer. E os lobos já pressentiram que o golpe final contra a democracia corre o risco de ser interceptado por aqueles que, durante anos a fio, estiveram calados e quietos.

Com a eleição de Bolsonaro em 2018, a direita ganhou terreno e aprendeu a expressar seus pontos de vista. Seus discursos, porém, são considerados anti-democráticos, pois não aceitam uma eleição com a utilização de urnas que não permitem o recurso da auditoria, conforme já atestou a Polícia Federal.

Está criado, assim, o impasse, pois o TSE defende de maneira aberta e sem rodeios a adoção de urnas que podem ser facilmente fraudadas. Em razão disso, os poderes Executivo e Judiciário não se entendem, cabendo somente às Forças Armadas, com base no artigo 142 da Constituição, dirimir as dúvidas e resolver os problemas de relacionamento.

As eleições deste ano vão muito além de uma escolha de presidente. O que está em jogo é o futuro da nação, anunciado claramente pelos candidatos. De um lado, Bolsonaro prega o ideal democrático e liberal. Do outro, Lula promete implantar no Brasil o regime político adotado na China. Cabe, assim, ao povo brasileiro dizer o que pretende. Entretanto, com urnas que podem ser fraudadas, torna-se impossível essa missão e esse direito do cidadão.

A sociedade brasileira atravessa essa dificuldade e sente a imensa dor de poder perder sua liberdade. Rubem Alves diz, porém, que "ostra feliz não faz pérola". Isso significa que o sofrimento também constrói e cria coisas admiráveis.

 

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Pedro Henrique Chaves Antero

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