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Christiane Leitão: Um dia diferente
Opinião

Christiane Leitão: Um dia diferente

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Tem-se o 11 de agosto como o dia da advocacia. A data remete à criação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, e da Faculdade de Direito de Olinda, Pernambuco, por decreto de Dom Pedro I, marcos intelectuais importantes para a construção de um pensamento jurídico nativo e afirmação da brasilidade.

São comuns manifestações públicas em lembrança da data, em que se enaltece sua relevância para a vida política do país e para formação da inteligência nacional. A abordagem que faço hoje, todavia, é de outra natureza. Quero partilhar com os leitores a convicção de que a advocacia brasileira passa por uma significativa transformação.

Dá-se na profissão um processo irreversível de afirmação da advocacia feminina. Somos hoje maioria numérica e temos nos destacado na cena forense, nos mais variados campos de atuação, sempre exigindo o respeito às singularidades e peculiaridades próprias à condição de mulher. Consequência natural e benfazeja, passamos a ter presença cada vez mais marcante nos espaços de decisão do sistema OAB.

A seção cearense da OAB, sob a liderança do colega Erinaldo Dantas, tem tido participação relevante nesse processo. Em nossa terra, por ocasião da III Conferência Nacional da Mulher Advogada, acontecida em março de 2020, travaram-se os debates que culminaram com a adoção do sistema de representação paritária entre homens e mulheres no âmbito dos conselhos estaduais e federal da OAB.

Os efeitos da luta já se fazem sentir. Em mais de 90 anos de existência, a OAB somente contou com 10 mulheres presidentes de seções estaduais, metade das quais eleitas quando estabelecida a paridade.

Uma luta coletiva, em que o processo de recuperação histórica da participação feminina desempenha papel simbólico de relevo. Nesse 11 de agosto, sem que olvidemos a importância da criação das primeiras faculdades de direito no país, frequentadas por décadas a fio apenas por homens, vale lembrar a saga de Esperança Garcia, mulher negra, escravizada, tida por primeira advogada piauiense; a trajetória de Myrthes Gomes de Campos e sua luta para ter a habilitação para o regular exercício da profissão. E tantas outras.

Sem elas não chegaríamos onde chegamos. Contar suas histórias nos anima a seguir adiante.

 

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Christiane Leitão

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