Logo O POVO+
Lá "na zárea" não falta música boa
Comentar
Opinião

Lá "na zárea" não falta música boa

.
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Comentar

Numa mesa lotada de jornalistas culturais durante evento em São Paulo, um colega repórter de Pernambuco provocou: “Natal é uma cidade menor, mas tem uma cena musical contemporânea bem mais impactante que a de Fortaleza, não acha?, citando nomes como Potyguara Bardo, Luísa e os Alquimistas, Far From Alaska e Plutão Já foi Planeta.

Pernambucano que é, nem colocou o estado dele no páreo, já pulando para citar a cena efervescente de Salvador. “Mas eu amo o Pessoal do Ceará, tá?”, completou. Não deu tempo de retrucar, eu tinha uma entrevista para fazer e o ofício chamou. Mas não esqueci aquele papo e agora, mais de cinco anos depois, estou aqui respondendo.

E eu até poderia citar toda uma série de grandes compositores, intérpretes e multi-instrumentistas que marcam a música cearense entre a ascensão nacional do Pessoal do Ceará nos anos 1970 e este fim de 2025, mas vou me concentrar no recorte de apenas um festival que está movimentando Fortaleza neste momento.

Caro colega bairrista, se você estivesse na Capital neste fim de semana, te indicaria ir ao Festival Zepelim e conferir alguns dos artistas mais inventivos da música do nosso Estado. A edição 2025 do evento que movimenta o Marina Park terá rock, rap, pop, trap, eletrônico e tantas outras misturas made in Ceará.

O evento abre com Mateus Fazeno Rock, que já dispensa qualquer apresentação para quem minimamente acompanha o que brota de essencialmente novo na música brasileira. O artista sobe ao Palco Mar para apresentar o excelente (e já aclamado pela crítica) disco “Lá Na Zárea Todos Querem Viver Bem”. Já no Palco Sol é a vez de “Cor dos Olhos”, que tem investido em boas composições e novas texturas sonoras em seus bons trabalhos recentes.

O palco nomeado de “Fortaleza é o Futuro” reúne três artistas que sintetizam bem toda a pluralidade do nosso som. Camaleoa vem conquistando fãs ao afirmar que no “Ceará tem pop” (e da melhor qualidade). Desde o show que assisti da artista na XXIV Parada pela diversidade sexual do Ceará, venho acompanhando seu trabalho e noto como ela transita bem entre a própria autoralidade e o que a música global oferta de cânone.

Teremos ainda os multiartistas do grupo Cheiro do Queijo, mix divertido, crítico e ácido de música, teatro, dança, circo, humor e muito mais. O grupo consegue fazer um show hipnotizante, leve e político. Vale muito a pena.

E voltando ao meu caro colega repórter, vou só fechar indicando, caso ainda não conheça, o trabalho do Montage. Eles são o passado, o presente e o futuro da música. Ícone do eletrônico há mais de duas décadas, o projeto foi pioneiro e inspirou muito do que os artistas brasileiros ofertam em festivais mundo afora. Por fim, o recado é: Lá “na zárea” não falta música boa.

O que você achou desse conteúdo?