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Mônica Dias Martins: ¡No pasarán!
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Opinião

Mônica Dias Martins: ¡No pasarán!

Em seu afã de dominar (se preciso, pela guerra) uma região com grande biodiversidade e vasto potencial energético, os Estados Unidos interfere na política econômica e promove a militarização do Continente
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Mônica Dias Martins. Professora da UECE. Coordenadora do Observatório das Nacionalidades. Editora de tensões Mundiais (Foto: arquivo pessoal)
Foto: arquivo pessoal Mônica Dias Martins. Professora da UECE. Coordenadora do Observatório das Nacionalidades. Editora de tensões Mundiais

Era uma vez uma República chamada Grã-Colômbia, fruto da guerra de libertação contra o Império espanhol comandada por Bolívar. Precederam a Independência movimentos de resistência aos colonizadores em meados do século XVI, sendo lembrados como protagonistas: Miguel de Buría, líder da primeira rebelião de negros e indígenas, e Guaicaipuro, cacique que uniu tribos nativas para expulsar os invasores.

Em 1781, a revolta dos Comuneros reúne trabalhadores livres que protestam contra os impostos. Essas lutas alicerçam a construção da Grã-Colômbia, que incluía os territórios do Vice-Reinado da Nova Granada, hoje Colômbia, Equador, Panamá e Venezuela.

A Proclamação da Independência em 1819 é parte do processo anticolonial nas Américas, iniciado com as 13 colônias inglesas em 1776 (atual Estados Unidos) e com a revolução na colônia francesa de São Domingos em 1791 (atual Haiti).

A ruptura dos pactos coloniais e as ideias de liberdade, igualdade e direito dos povos alimentaram a formação de Estados legitimados por nacionalidades. Após dois séculos, a República Bolivariana da Venezuela outorga-se a prerrogativa de traçar seu destino, buscar novas possibilidades de desenvolvimento, assegurar respeito internacional e soberania. Cresce o anseio de superação da mentalidade colonial cultivada pelas elites.

As tensões entre os governos estadunidense e o venezuelano avultam desde a Constituição de 1999, aprovada por referendo popular após a eleição de Chávez, que garante direitos básicos para mulheres e indígenas, proteção ambiental, defesa da riqueza petroleira.

A disputa com os interesses transnacionais se acirra com a política externa que privilegia a integração latino-americana e caribenha, se opõe ao neoliberalismo e à hegemonia dos Estados Unidos. Acompanhei, entre 2006 e 2011, as transformações socioeconômicas e políticas, visitando conselhos comunais em Caracas e instalações de petróleo da PDVSA na Faixa do Orinoco, trabalhando nas missões bolivarianas de redistribuição de terras, estudando as experiências de democracia participativa.

Em seu afã de dominar (se preciso, pela guerra) uma região com grande biodiversidade e vasto potencial energético, os Estados Unidos interfere na política econômica e promove a militarização do Continente. Frente às operações bélicas no Caribe com a destruição de barcos e a morte de trabalhadores do mar, o deslocamento de tropas e navios militares, o fechamento do espaço aéreo, as ameaças de invasão do território venezuelano, a Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade lança um Manifesto para mobilizar a solidariedade internacional.

Denuncia as agressões, exige o fim das manobras provocadoras e convoca à luta pela manutenção da Nossa América como Zona de Paz. Quando Estados silenciam, as sociedades respondem com o grito antifascista: "¡No pasarán!"

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