Vir trabalhar como promotor de Justiça na área de defesa do patrimônio público em Juazeiro do Padre Cícero me oportunizou conhecer de perto as romarias que estão na gênese desse povo, mas também de entendê-las como metáfora de caminhada coletiva. E assim também o é com o combate à corrupção, que avança passo a passo e demanda de todos nós persistência diária.
Neste dia 9 de dezembro, celebramos o dia internacional contra a corrupção, em alusão à data de assinatura da Convenção das Nações Unidades contra a Corrupção em 2003, muito conhecida no meio jurídico como Convenção de Mérida.
É um convite à reflexão sobre os problemas que ações como suborno, fraude, extorsão, nepotismo e desvio de verbas nos causam, minando nossas instituições democráticas, atrasando o desenvolvimento econômico e contribuindo para a instabilidade política.
Corrupção que não é só crime; representa falta de cuidado, pois cada desvio significa uma criança sem merenda, uma sala de aula sem professor, um paciente sem medicamento, uma família vulnerável sem a devida assistência. Corrupção que limita o acesso ao ensino de qualidade, reduz oportunidades de trabalho, restringe o acesso a serviços públicos, desencoraja engajamento civil e prejudica a estabilidade econômica.
Combatê-la é proteger quem mais depende do Estado, é ato de cuidado com os mais pobres, e é um papel que o Ministério Público do Estado vem buscando cumprir diariamente. São provas disso as diversas operações semanalmente noticiadas na mídia, por todo o território cearense, tendo à frente promotoras e procuradores de justiça, com suas equipes de técnicos, analistas e assessores.
A luta é árdua e depende de todos. Da terra para onde o povo peregrina em busca de milagres, é fácil perceber que o maior milagre do Estado ainda é ser honesto. Mas não desistamos: o sertão também ensina muito sobre resistência, e resistir à corrupção é honrar nossa história. Convidamos todos a contribuir para que a gestão pública em nossas cidades e no nosso Ceará seja sempre um ato de responsabilidade com os que mais precisam.