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Virada de página: Jean Paul Gaultier dá adeus às passarelas
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Virada de página: Jean Paul Gaultier dá adeus às passarelas

Com mensagem em favor do upcycling e questionando o futuro da moda, Jean Paul gaultier se despede da cena fashion
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O estilista francês celebrou seus 50 de moda com um desfile emblemático, em Paris
 (Foto: fotos AFP)
Foto: fotos AFP O estilista francês celebrou seus 50 de moda com um desfile emblemático, em Paris

Após meio século marcado por uma criatividade extravagante e um espírito transgressor no mundo da moda, o estilista francês Jean Paul Gaultier se despediu das passarelas, quarta última, cercado por suas musas, como Rossy de Palma e Mylene Farmer, além da cearense Valentina Sampaio.

Gaultier antecipou que o desfile seria uma grande festa com "muitos amigos" e não decepcionou. No elegante teatro musical de Châtelet, com orquestra e cantores ao vivo, o antes "enfant terrible" da moda apresentou mais de 200 looks em um ambiente de euforia, com modelos sorridentes e exageradas, além de um público que aplaudiu com entusiasmo por mais de uma hora.

O estilista, de 67 anos, anunciou na última sexta-feira, de surpresa, que esse seria seu último desfile, mas garantiu que sua marca, propriedade do grupo espanhol Puig, continuaria com um projeto que seria anunciado brevemente e do qual é um "instigador".

"Acredito que a moda tem que mudar. Há muitas roupas, roupas que não servem para nada. Não joguem fora, reciclem", diz Gaultier em nota distribuída entre o público, explicando pelo menos de forma parcial sua decisão de colocar ponto final em seus desfiles.

"Essa noite, verão minha primeira coleção de alta costura "upcycling"; abri as gavetas", disse citando a técnica que consiste em utilizar peças antigas e dar nova vida à elas.

Antes de Rossy de Palma, Mylene Farmer e as irmãs Bella e Gigi Hadid desembarcarem na passarela usando as últimas criações com base de jeans, cintos de couro, seda e tule, o desfile começou com a representação de um funeral, com modelos em looks pretos totalmente estáticas.

No final do desfile, subiu um telão para mostrar os bastidores e Gaultier com um macacão azul de trabalho, cercado por seus colaboradores, que acabaram levando-o nos ombros e enchendo-o de beijos.

O desfile aconteceu durante a Semana da Moda de Alta Costura de Paris, um seleto clube ao qual Gaultier pertence desde 2001 junto a outras 15 marcas, como Dior e Chanel.

Subversivo e livre, Gaultier é um dos estilistas mais importantes de todos os tempos, e desafiou a tradição da beleza tradicional incluindo todas as orientações sexuais em seus desfiles, muito antes dos demais. Também foi precursor na fusão de gêneros na passarela.

Nos anos 1980, revolucionou a moda com suas criações geniais, como o corpete cônico usado por Madonna, a saia masculina e a camiseta listrada de marinheiro, uma reinterpretação em homenagem à sua avó, que o "vestia de azul".

Gaultier fez de seus desfiles um mundo aparte: longe do tradicional formato rígido da passarela, montou verdadeiros espetáculos cheios de excentricidade e ousadia, mais próximos de um cabaré.

Convidou para a passarela homens mais velhos, mulheres com sobrepeso e em 2014 colocou em sua passarela a drag queen Conchita Wurst.

Criou também figurinos para filmes como Má Educação e Kika, de Pedro Almodóvar, O Quinto Elemento de Luc Besson, e colaborou com seus desenhos coloridos no Carnaval do Rio e no Dia dos Mortos do México.(AFP)

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