Kaio Lemos
É antropólogo, pesquisador científico e escritor. Tem hoje 40 anos e uma vida que sempre fez sentido para ele. É Kaio. Sempre foi. O "batismo" foi um presente de uma amiga da universidade, quando ainda era estudante, há cinco anos. Foi também na faculdade, dentro da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), a primeira conquista para kaio, com duas graduações e o reconhecimento do nome na área acadêmica. Entre oportunidades e obstáculos, a luta dele é constante e por todos. Oriundo da mesma instituição que sofreu a revogação do edital de vestibular para pessoas trans, cancelado em julho, via Twitter, pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), Kaio lamenta a falta de incentivo e acesso ao estudo. "É uma resistência que a gente vem enfrentando dentro da educação em relação às pessoas trans", defende ele pelo retorno do preenchimento das vagas ociosas e pelo direito do nome social como porta de entrada para todas as instâncias. "É a busca pelo pertencimento trans na sociedade", atribui o cearense sobre a lei agora em vigor no Estado. Somada a ela, Kaio acredita na força da educação. "É uma forma e um meio de desconstruir não só preconceitos, mas conceitos sociais que já vieram estruturados", justifica. Ele acaba de lançar no Rio de Janeiro o livro No candomblé, quem é homem e que não é? pela editora Metanoia. Para ele, a escrita é o "motor". "É o que me inspira, todos os dias, a continuar esse processo de desconstrução", diz.