Murilo Gonçalves

Aos 30 anos de idade, Murilo, que nasceu Camila na certidão de nascimento, reescreveu sua história, de vida e profissional. Em junho deste ano, o advogado, aprovado no exame da Ordem há seis anos, recebeu o novo documento inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, agora como Murilo. É o primeiro homem trans a ter o nome social na carteirinha da OAB. "É importante que sejamos sensíveis ao reconhecimento desse direito para pessoas trans, uma vez que o não uso de nome social, não raras vezes, causa muito sofrimento", repercute o advogado sobre a lei recém-sancionada pelo Estado. "Acho que a 'descoberta' se iniciou em 2015, mas sempre tive algo latente do Murilo desde sempre. É preciso coragem para se conhecer. Assim, logo que me conheci, consegui me nominar devidamente neste ano de 2019, sem precisar recorrer à justiça, bastando ir no cartório", conta, graças ao decreto do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu em 2018 a possibilidade de alteração de registro civil de pessoas trans sem redesignação de gênero. "Não impus que ninguém aceitasse. Apenas pedi respeito", abre o advogado, que sai em defesa pela causa. "Queremos acesso à educação, à trabalho, à saúde. Não queremos, desse modo, qualquer tipo de privilégio, mas sim que nos reconheçam em nossa dimensão individual de sujeitos únicos - como todos são - que precisam de cuidado e de um ambiente propício ao autodesenvolvimento".