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"Centrão" cobra fatura e pressiona Temer por cargos

2017-07-15 01:30:00
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Rejeitado o relatório a favor da admissibilidade da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), partidos do chamado “Centrão” no Congresso pressionam o Planalto por ministérios de peso, como reconhecimento da atuação política.

[SAIBAMAIS]

Deputados disseram ao O POVO que os alvos são as pastas de Cidades e Secretaria de Governo, ocupadas por tucanos. O PSDB votou, em maioria, contra o presidente.


Enquanto a tese do “desembarque” do governo cresce entre parlamentares da legenda, partidos como PP, PR e PSD fecharam questão contra a denúncia, aproximando-se ainda mais de Temer.

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Aníbal Gomes (PMDB-CE), que esteve na Secretaria de Governo ainda ontem, relatou que o titular Antônio Imbassahy (PSDB-BA) “tenta conversar com o partido e ver se obtém mais apoio” a Temer.


“Acredito que, se essa tentativa não der certo, ele possa ceder às reivindicações do Centrão aí. Certamente dará essa oportunidade”, afirma.


O deputado sugere que o caso de Bruno Araújo (PSDB-PE), ministro de Cidades, é mais delicado.

O deputado pernambucano “querido por Michel”.


O POVO apurou que a indicação de Araújo tinha como objetivo dar firmeza à atuação da bancada federal tucana em favor de matérias do governo. Hoje, apático, o ministro já não faria com intensidade o trabalho de articulação no partido e até aceitaria entregar a pasta, especialmente após veiculação de denúncias contra Temer.


De acordo com Betinho Gomes (PSDB-PE), a cobrança dos partidos do Centrão “é natural”. “É critério do governo entender que tem que dar espaço e ministérios aos que atuam e jogam esse jogo de ‘sustentação de aço’ da base, e não só de apoio às reformas”.


Em cima do muro

Ainda em cima do muro, PSDB pode sofrer com “expulsão” do governo antes de postura própria, na avaliação de Betinho.

“Poderia se posicionar antes de qualquer tipo de movimento que o governo vai fazer. Seria constrangedor ser expurgado do governo antes de tomar posição nossa.

O certo seria entregar os ministérios, continuar apoiando a pauta de mudanças de reformas”, complementa o parlamentar, membro da ala que defende o “desembarque”.


O deputado Fábio Sousa (PSDB-GO), por outro lado, afirma que Temer perderia muito com mudança no Ministério das Cidades e pode decidir manter o quadro, ainda que “70% da bancada” tucana já queira deixar o governo. “É uma escolha do presidente, que ele tem o direito de fazer. Mas vai perder um craque que é o Bruno Araújo”, afirma.


Saiba mais


R$ 134 milhões foram liberados em junho para emendas de 36 dos 40 parlamentares que votaram a favor de Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) de Câmara Federal. Os dados foram divulgados pela ONG Contas Abertas, que julga que o valor total liberado no mês de junho para emendas – $ 2,02 bilhões – é “absolutamente atípico” para o período. Em maio, a quantia havia sido de R$ 89 milhões, valor menor que o de julho, visto que foram liberados, até agora, R$ 94 milhões. O deputado que mais teve recursos comprometidos para suas iniciativas em junho foi o relator do parecer contrário à aceitação da denúncia de Temer, Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG). Ele também foi um dos dois tucanos a votarem contra a admissibilidade do relatório a favor da denúncia de Temer e um dos mais fieis na sigla. Abi-Ackel R$ 5,1 milhões empenhados. Parlamentares do PMDB receberam R$ 284,2 milhões para emendas. Segundo o relatório da ONG, a vitória de Temer, “mesmo que obtida com manobras, enviou o recado que o presidente precisava para reestimular bases de apoio”. O deputado federal cearense Domingos Neto (PSD) foi um dos membros da CCJ que não recebeu empenho. Segundo ele, o repasse faz parte de “orçamento impositivo” e, portanto, “não há o que questionar”.

 

Daniel Duarte

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