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Após Bolsonaro sinalizar recuo, Eduardo diz que indicação está mantida
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Após Bolsonaro sinalizar recuo, Eduardo diz que indicação está mantida

Filho do presidente insiste em nomeação à embaixada, mesmo com a possibilidade de rejeição do Senado
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 FILHO  do presidente precisa de aprovação do Senado para se tornar embaixador do Brasil em Washington (Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados)
Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados  FILHO do presidente precisa de aprovação do Senado para se tornar embaixador do Brasil em Washington

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou na tarde de ontem que sua indicação à embaixada do Brasil em Washington está mantida. As declarações foram dadas após o presidente Jair Bolsonaro admitir a possibilidade de desistir da indicação do filho caso sinta que o Senado possa rejeitar o pedido.

"Estão dando o enfoque, tentando dar contorno de que o presidente poderia estar voltando atrás. Não tive nenhuma conversa dessa com ele. (Minha indicação) Está mantida. Estamos seguindo adiante", afirmou o parlamentar no Plenário da Câmara.

Pela manhã, o presidente sinalizou que poderia desistir da indicação caso o governo não tenha votos suficientes para garantir a aprovação do nome do filho. Na segunda-feira, 19, levantamento do jornal O Estado de S. Paulo mostrou que 29 senadores resistem à indicação de Eduardo Bolsonaro.

"Eu não quero submeter o meu filho a um fracasso. Eu acho que ele tem competência. Mas tudo pode acontecer", disse o presidente ao ser questionado sobre as dificuldades que a indicação enfrenta no Senado.

De acordo com levantamento, dos 81 senadores, 29 responderam que pretendem votar contra o nome do "Filho 03" do presidente, ante 15 que disseram ser a favor. Outros não quiseram responder (29) ou se colocaram como indecisos (7).

A indicação do parlamentar criou uma "guerra de pareceres" no Senado. Após a divulgação de um documento elaborado pela consultoria legislativa da Casa que aponta nepotismo na possível nomeação, outro parecer, também de consultores, afirma o contrário.

Sobre o parecer contrário, Jair Bolsonaro disse que as consultorias agem de acordo com o interesse do parlamentar. "Tem um viés político dessa questão. O que vale para mim é a súmula do Supremo (Tribunal Federal) que diz que não é nepotismo", afirmou o presidente. Ele ponderou que, "se o Senado quiser rejeitar o nome de Eduardo, é direito dele".

A declaração do presidente é um reflexo da resistência de parte do Senado à vontade pessoal do mandatário em alçar seu filho a um dos postos mais cobiçados do Itamaraty. "Ao resistir ao nome de Eduardo, o Senado manda um recado a Bolsonaro de que não será um mero carimbador das vontades do presidente da República", avalia o cientista político, professor e pesquisador da FGV Marco Antônio Carvalho Teixeira.

Carvalho Teixeira destaca que além da questão "um tanto folclórica e inusitada" de Bolsonaro indicar o próprio filho para a embaixada nos Estados Unidos, que pode ter pesado na atual resistência de parte dos senadores, as recentes declarações grosseiras e verborrágicas do mandatário com a questão externa — críticas à possibilidade do kirchnerismo voltar ao poder na Argentina e à suspensão de repasses da Alemanha e Noruega ao Fundo Amazônia — também acenderam o sinal amarelo. "Não se pode lidar com esse padrão beligerante nas questões externas, tanto que a palavra chave para isso é diplomacia, que se fia na arte da negociação", emenda.

O vice-líder do governo no Senado Chico Rodrigues (DEM-RR), provável relator da indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada brasileira em Washington, defendeu que o presidente Jair Bolsonaro encaminhe logo o nome do filho aos senadores.

"Não vejo (chance de não ser aprovado), por isso que eu insisto na tese de que, quanto mais rápido chegar o nome ao Senado, mais fácil para nós conversarmos com os senadores e mostrarmos na verdade que essa indicação é aquela apropriada para o momento atual", disse Rodrigues após uma reunião com as bancadas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste na residência oficial do Senado. (Agência Estado)

 

Aval

O Itamaraty recebeu aval do governo dos EUA para a indicação do nome do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para ser embaixador do Brasil em Washington no último dia 9 de agosto

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