Na guerra de áudios aberta dentro do partido do presidente da República, o PSL, o líder da legenda na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir (GO), prometeu "implodir" Jair Bolsonaro.
A ameaça se tornou pública após áudio de nove minutos com fala do pesselista vazar nessa quinta-feira. O também deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), da ala bolsonarista, assumiu a autoria da gravação do correligionário, feita com a intenção de blindar o chefe do Executivo.
 "Vou fazer o seguinte, eu vou implodir o presidente. Aí eu mostro a gravação dele, eu tenho a gravação", declarou Waldir durante reunião ontem entre parlamentares e Luciano Bivar, deputado federal e presidente nacional da sigla.
Bivar e Bolsonaro travam uma queda de braço desde a semana passada, quando o presidente afirmou que o dirigente estava "queimado", recusando-se a gravar com um apoiador que mencionou o nome do deputado investigado em Pernambuco. Bivar foi alvo de ação de busca e apreensão da Polícia Federal na última terça-feira no caso do esquema de candidaturas "laranjas" do PSL.
"Não tem conversa, eu implodo o presidente, acabou, cara", afirma Waldir no mesmo encontro. "Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo, cara. Eu votei nessa porra, eu andei no sol 246 cidades, no sol gritando o nome desse vagabundo."
Outro parlamentar do PSL acrescenta: "Eu nunca fui tão assediado como agora. O Palácio nunca ligou tanto para mim, desde a minha posse". Um deputado se queixa de que os pesselistas na Câmara sempre foram tratados como "cachorro" pelo presidente.
"O que a gente está passando? A gente foi tratado que nem cachorro desde que ele ganhou a eleição", critica. "Nunca atendeu a gente em porra nenhuma."
O entrevero segue-se à briga da última quarta-feira, quando Bolsonaro articulou a derrubada de Waldir da liderança do partido na Câmara. A estratégia do presidente, revelada em áudio cujo vazamento foi atribuído ao deputado federal Heitor Freire (PSL-CE), era emplacar o filho Eduardo Bolsonaro no lugar de Waldir, em tentativa de assumir o controle do partido.
A manobra foi malsucedida e o chefe do Executivo sofreu forte contragolpe. Após batalha de listas com assinaturas de ambos os lados, duas para apear e uma para manter Waldir à frente da legenda, o pesselista segurou-se no cargo, com anuência da presidência da Câmara. De lá, comandou uma reação, secundado por Bivar.
Ainda ontem, Eduardo, também deputado, foi destituído da presidência do PSL em São Paulo, enquanto o seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro, sofreu queda do mesmo posto, mas no Rio de Janeiro.
Horas depois da retaliação, porém, Waldir amenizou o tom de sua fala vazada. "Isso já passou. Nós somos Bolsonaro. Somos que nem mulher traída, apanha, mas mesmo assim volta ao aconchego", comparou.
Na sua transmissão nas redes sociais à noite, realizada todas as quintas-feiras, Bolsonaro evitou a crise no PSL, que já se arrasta há quase 15 dias e por trás da qual evidencia-se disputa em torno do fundo partidário a que a sigla tem direito, uma cifra que ultrapassa os R$ 100 milhões.