Em novo episódio do racha interno do PSL no Ceará, os deputados estaduais André Fernandes e Delegado Cavalcante apresentam hoje em Brasília uma representação contra o deputado federal Heitor Freire (PSL). Na petição, eles acusam o correligionário de ter vazado áudios de conversas com o presidente Jair Bolsonaro (PSL), em violação à Lei de Segurança Nacional.
A ação, endereçada ao procurador-geral da República, Augusto Aras, pede a quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático do deputado. Além disso, eles cobram a apreensão de aparelhos eletrônicos dele, de assessores e familiares. Celulares, tablets e computadores pessoais dos gabinetes de Heitor Freire, de seus assessores e até de seus parentes até o terceiro grau.
O documento se baseia em polêmica ocorrida na semana passada, quando veio à público conversa entre Freire e Bolsonaro onde o presidente articula a destituição de Delegado Waldir (GO) da liderança do PSL na Câmara. Acusado por André Fernandes de ter sido ele o responsável pelo vazamento, Freire admitiu ter tido a conversa, mas rejeitou a divulgação.
"Heitor Freire, ao gravar a conversa com o presidente da República, por si só, já mostra o ato de traição, pois gravou sem permissão, o que já caracteriza crime contra a soberania nacional. Mas ele foi além e divulgou na mídia o teor de tais diálogos", diz a petição dos deputados, que acusa Freire de "causar transtornos de toda a ordem" e desestabilizar o governo.
Procurado pelo O POVO, Delegado Cavalcante confirmou a elaboração do documento e cobrou apuração do caso. "A gente sabe do que o Heitor é capaz. Ele é dissimulado, então temos certeza de que ele está na cúpula dessa trama, que ele usou de má-fé e vazou isso conscientemente para, tentando arranjar alguma vantagem, prejudicar o governo Bolsonaro".
Procurado pelo O POVO, Heitor Freire rebateu as acusações e disse que apenas conversou com o presidente, não sendo isso o bastante para o responsabilizar pelo registro ou vazamento do áudio. "Os parlamentares que apresentaram mais uma denúncia caluniosa responderão pela desonestidade e irresponsabilidade de não medirem esforços para me prejudicar".
Desde o início do ano, Heitor e os deputados estaduais travam "guerra interna" no PSL do Ceará. Na última semana, os dois deputados estaduais relataram estar sendo ameaçados de expulsão do partido por Freire. Heitor rebate: "Tratam-se de demandas ocorridas meses atrás, entre elas de quantidade de faltas não justificadas na Assembleia"