Candidata do PT à Prefeitura de Fortaleza, Luizianne Lins vai hoje às 15 horas à Superintendência da Polícia Federal (PF) pedir apuração da autoria de conteúdos fraudulentos (ou fake news) dos quais a campanha dela tem sido alvo nos últimos dias.
O POVO teve acesso a dois desses vídeos e uma foto dela com dizeres ofensivos. São peças que circulam nas redes sociais. Um dos vídeos tece críticas à gestão da petista (2005-2012), com voz de locutor ao fundo. Está veiculado no portal "Informação do Ceará", no Facebook.
O outro, no WhatsApp, promove calúnias pessoais que sugerem, por exemplo, o uso de drogas ilícitas pela ex-prefeita da Capital. Não consta nenhum Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) junto a esses conteúdos. O POVO opta por não divulgá-los nem detalhá-los.
Ontem, o jurídico da campanha da petista conseguiu a retirada do vídeo com as difamações pessoais. A decisão foi assinada pelo juiz André Teixeira Gurgel, da 94ª Zona Eleitoral de Fortaleza.
"Verifica-se através da propaganda exposta, ofensas pessoais de cunho indecoroso, que foge sobremaneira ao diálogo democrático que se espera nos processos de escolhas eleitorais", anota o magistrado na decisão liminar.
Teixeira determina ainda a exclusão do conteúdo e o bloqueio "com respectivo fornecimento dos dados relativos às linhas telefônicas" de um homem identificado como "Beto", indicado como administrador do grupo no Whatsapp, e de Francisco Ximenes, apontado como responsável por postar o conteúdo naquele espaço.
Ele prossegue: "Observada a possibilidade técnica, o impedimento de novas postagens que contenham ataques, ofensas e fatos descritos nesta demanda."
Os dois citados foram procurados por O POVO e negaram. Os números de celular estavam na liminar. Aparentemente ocupado, Beto, apontado como administrador do "Grupo Mercadinho do Bairro", disse: "Não quero saber de p... de política, não. Tô no trânsito."
Ximenes, por sua vez, afirmou que está no Ceará somente para tratamento de saúde e não possui vínculo com qualquer candidatura em Fortaleza ou políticos em geral.
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Ele destacou, inclusive, que o magistrado cometeu engano ao fixar nome e número telefônico dele na sentença liminar. "E se o meu nome constar em alguma publicação, irei pedir indenização moral", adicionou.
Além dos dois, Facebook e WhatsApp terão de ser notificados para que o vídeo saia do ar.
Advogado da campanha do PT, Rodrigo Cavalcante afirma que a voz que aparece no vídeo de teor pessoal foi editada em programas de computação, mas já convertida para o estado natural. Com isso, fica facilitada a tarefa de perseguir a autoria do vídeo.
"Desde os resultados das pesquisas Ibope e Datafolha (em que ela aparece em segundo lugar), os ataques à Luizianne se intensificaram. São dezenas de fake news e ofensas", ele comentou.
Sobre o vídeo contra os anos de gestão da petista, com narração de locutor ao fundo e sem edições na voz, o advogado desconfia que pode ter partido de adversários por causa da qualidade da produção.
"São vídeos produzidos com grande detalhamento de recursos gráficos, com alteração da voz do locutor e tudo o mais, com computação gráfica."
O candidato a vice na chapa petista, Vladyson Viana, reforçou a estranheza com os materiais. "Estamos sendo atacados, principalmente no WhatsApp, que é uma rede difícil de ser rastreada, por alguns vídeos bem produzidos, vídeos que claramente foram feitos em agências."