O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a lançar ofensiva contra o presidente Jair Bolsonaro, em uma disputa com foco na vacinação contra a Covid-19, mas que tem como pano de fundo as eleições presidenciais de 2022. Após promover evento com a primeira pessoa imunizada no último domingo na capital paulista, Doria tem viajado pelo Estado com a Coronavac.
Ontem, Doria esteve em Ribeirão Preto. Profissionais do Hospital das Clínicas do município que atuam na linha de frente contra a Covid-19 são os primeiros vacinados, com as 6.520 doses da Coronavac que chegaram à cidade na noite anterior.
No lançamento, Doria fez questão que Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, especificasse quem foi o protagonista da campanha de difamação contra a Coronavac que Covas mencionava.
"A autoridade maior deste País fez uma campanha até domingo (contra a Coronavac). Até domingo, a vacina era a inimiga número 1 do nosso presidente", afirmou Covas.
Para o diretor do Butantã, essa campanha negativa "usando até um nome muito esquisito para se referir a essa vacina" influenciou no atraso da conclusão da produção da Coronavac.
Doria fez mais críticas a Bolsonaro e retomou questionamentos feitos na segunda-feira, 18. "Nós iniciamos um programa de imunização no Brasil com uma única vacina, que só existe e está em solo brasileiro porque o governo do Estado de São Paulo, o Instituto Butantan e pessoas destemidas levaram adiante o projeto e a iniciativa de termos uma vacina brasileira com o apoio da China para a imunização em nosso país, mas repito: onde estão as outras vacinas? O Brasil vai precisar de mais vacinas", afirmou.
O governador listou o que afirma serem outras falhas do governo federal: "Falta de seringas, de agulhas, falta de logística" e mencionou o desperdício de testes que venceram. Lembrou que continua necessário realizar testes. "Até quando vamos ter a incompetência do governo federal?", indagou.
As declarações de Doria ocorreram pouco antes do governo da Índia, maior fabricante mundial de vacinas, anunciar que enviará a partir desta quarta-feira, 10, material para vacinas contra a Covid-19 a seis países e que aguarda confirmação de autorizações regulatórias locais para mandá-lo também a outros três países. O Brasil não está na lista.
O governo brasileiro aguarda o envio de 2 milhões de doses de vacinas adquiridas da Universidade de Oxford e da empresa AstraZeneca, adquiridas pela Fiocruz, que foram produzidas na Índia. Na semana passada, um avião chegou a ser enviado para buscar o material, mas parou em Recife antes de cruzar o Atlântico, ante a falta de confirmação do governo indiano que as vacinas seriam entregues.