O presidente do PT de Fortaleza, o vereador Guilherme Sampaio, mantém postura de destacar como definição o que foi votado na instância municipal da legenda: a bancada petista na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) fará oposição a José Sarto (PDT).
Em nota enviada ao O POVO, Sampaio afirma não ter sido notificado oficialmente do recurso, entendido por ele e pelos que simpatizam pela tese de um PT opositor como uma intervenção indevida.
"O Diretório Municipal deliberou para que o partido exercesse uma oposição de esquerda na Câmara, em sintonia com seu posicionamento na campanha, e não se furtasse ao diálogo com a administração e com o PDT, em pautas de interesse da cidade e no enfrentamento ao bolsonarismo. Durante o recesso, não houve nenhuma notificação de instância superior que alterasse os efeitos dessa decisão", anotou o parlamentar.
A bancada do PT é formada por vereadores reconduzidos para mais quatro anos: além de Sampaio, Ronivaldo Maia e Larissa Gaspar.
Há uma interrogação sobre como seria a mudança na atuação deles no caso de uma definição interna que os pusesse na base do PDT, porque isso significaria uma inversão na atuação desses três nos anos anteriores, marcados por críticas à gestão de Roberto Cláudio (PDT).
Deputado estadual, Acrísio esteve presente na primeira sessão deliberativa da CMFor de 2021 na última terça-feira
“Vim para ajudar nesse entendimento. A gente tem que ter a compreensão de que não podemos nos somar a essa oposição de direita, bolsonarista, no Parlamento. Temos que ver que esse grupo majoritário, que indicou o Márcio Martins (Pros) como líder, não representa as ideias do Partido dos Trabalhadores”, ele afirmou ao O POVO.
De fato, Márcio Martins tem perfil divergente do do PT. É ligado a Capitão Wagner (Pros). Mas a oposição defendida por Guilherme Sampaio é à esquerda, tendo como aliado o Psol, por exemplo, representado pelos vereadores Gabriel Aguiar e Adriana do Nossa Cara.
As críticas movidas pelo petismo a Roberto Cláudio foram mais centradas num alegado caráter elitista da gestão, com olhar privilegiado para as áreas nobres da Cidade. Enquanto que os parlamentares do Pros, à direita, levantaram temas como o da segurança pública e pautas comportamentais, além da defesa da revogação do pagamento do alvará anual.
Sobre o movimento de Acrísio Sena, Guilherme Sampaio avaliou que o correligionário tem direito de expressar opiniões por meio da imprensa. "Movimentos individuais são legítimos", ele afirmou, sem deixar de ponderar que, às vezes, mais atrapalham do que ajudam a construir decisões.
"O deputado Acrísio tem todo o direto de expressar suas posições na imprensa, mas ele não foi designado pela Direção Municipal a fazer qualquer articulação com a bancada no que diz respeito ao seu posicionamento em relação ao governo Sarto. A posição de Acrísio não é um fato novo, visto que já defendia a adesão à gestão de Roberto Cláudio", escreveu o vereador.
Procurado, Sena afirmou que ainda não houve definição sobre como o partido se situará no plenário da Câmara Municipal. Vice-presidente do PT de Fortaleza e ligada a José Airton e Acrísio, Liliane Araújo também também disse não haver data para reunião.