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Movimentos partidários antecipam articulações para disputa eleitoral de 2022
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Movimentos partidários antecipam articulações para disputa eleitoral de 2022

| Eleições | Forças em disputa começam a se mexer na tentativa de pavimentar o caminho para a disputa presidencial
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Fernando Haddad e Lula (Foto: JOEL SAGET / AFP)
Foto: JOEL SAGET / AFP Fernando Haddad e Lula

Dois dias depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar que tem encontro com a oposição em 2022, o ex-presidente Lula indicou que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) deve ser o nome da legenda na corrida eleitoral do ano que vem.

Segundo colocado em 2018, Haddad confirmou a informação em entrevista a jornais ontem. À CNN Brasil, o ex-presidenciável disse que Lula lhe pediu que viajasse e colocasse o "bloco na rua", de modo a discutir pautas urgentes no Brasil hoje, como a vacinação e a recuperação econômica.

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Haddad declarou ainda que, caso não esteja impedido de concorrer, Lula pode reavaliar o cenário. O petista, condenado em ações na Lava Jato, aguarda julgamento no Supremo de pedido de suspeição do então juiz Sergio Moro.

O movimento do PT é mais um de uma série de gestos recentes de partidos ou atores cuja atuação será decisiva para o arranjo das eleições de 2022. O primeiro deles foi a eleição de aliados de Bolsonaro para o comando da Câmara e do Senado, presididos agora por Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), respectivamente.

Próximos do presidente, o progressista e o democrata prometeram facilitar a aprovação de uma agenda de interesse do chefe do Executivo que contemple itens como relaxamento do controle de armas e reforma tributária.

A chegada de Lira e Pacheco selou de vez o casamento do presidente com legendas do Centrão e com o DEM de ACM Neto, que tem pretensões de pleitear o governo do estado da Bahia, mas que também vendo sendo cotado até como vice de Bolsonaro em 2022. Nessa sexta-feira, 5, no entanto, o demista negou qualquer hipótese de integrar chapa de Bolsonaro.

Derrotado nessa disputa, o agora ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), planeja organizar um polo de oposição a Bolsonaro na centro-direita, de preferência fora do DEM, agora atraído para a órbita do Planalto. O anúncio da saída de Maia da sigla é aguardado para o início da semana que vem.

Os passos de Maia são acompanhados de perto por políticos como João Doria (PSDB), governador de São Paulo, e Ciro Gomes (PDT), ambos interessados numa potencial composição com o deputado com vistas à corrida presidencial que se avizinha.

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Professor de Ciência Política da Faculdade Mackenzie, em São Paulo, Rodrigo Prando considera que "a vitória de Bolsonaro na Câmara fez com que as peças no tabuleiro político se destacassem".

"São passos e desdobramentos naturais em relação ao resultado das eleições no Congresso", acrescenta, apontando em seguida que "a tratativa de Lula com Haddad já é uma resposta na tentativa de posicionar essas peças".

Para ele, "se Bolsonaro já começa a pensar em 2022, obviamente que o PT, Lula e Haddad estariam também se posicionando" a fim de evitar que o presidente construa uma dianteira em relação a seus adversários.

Ainda segundo Prando, as duas forças que duelaram em 2018 no segundo turno tentam pavimentar caminhos desde já para se fortalecer rumo à disputa. Sobretudo Bolsonaro, que saiu derrotado das eleições municipais de 2020 e vinha perdendo protagonismo para João Doria. "Isso fez com que o Governo, em uma ou duas semanas, tivesse que mobilizar recursos e reagir de acordo com aquilo que não fez durante o ano inteiro", complementa.

 

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