Integrantes da chamada "cota política" da gestão José Sarto (PDT), que inclui cargos comissionados com perfil de indicação predominantemente político, possuem salários em diversas faixas, chegando até o valor máximo de cerca de R$ 20 mil mensais.
No último sábado, O POVO publicou reportagem detalhando cerca de 50 das principais indicações políticas da máquina administrativa da Prefeitura, que inclui três vereadores eleitos, 17 candidatos derrotados na eleição de 2020 e uma série de personalidades políticas e religiosas, dirigentes partidários ou até mesmo parentes de parlamentares do Estado.
Entre os maiores salários, estão os 19 indicados políticos que ocupam a titularidade de secretarias ou órgãos equivalentes na gestão municipal. Neste patamar, cada um possui remuneração bruta - antes dos descontos oficiais - padrão de R$ 18.190.
Como a maioria destes titulares recebe ainda uma ajuda de custo de pouco mais de R$ 2 mil, vários deles ficaram com remuneração bruta mensal de cerca de R$ 20,3 mil em janeiro e fevereiro deste ano.
Estão nessa "elite" da máquina municipal, por exemplo, o ex-vereador Ésio Feitosa (PSB), que não conseguiu reeleição e foi indicado por Sarto para a Coordenadoria de Articulação Política da gestão, com status de Secretaria. Com os descontos do Imposto de Renda e afins, ele terminou em fevereiro com remuneração de cerca de R$ 15,3 mil.
Outros nessa faixa incluem a ex-vereadora Marta Gonçalves (PL) - esposa do prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves (PL), e mãe do prefeito de Aquiraz, Bruno Gonçalves (PL) - o advogado Mosiah Torgan (PDT) - filho do ex-vice prefeito Moroni Torgan - e Ozires Pontes - filho do presidente do PSDB Ceará, Luiz Pontes.
Os três vereadores indicados para a gestão, Michel Lins (Cidadania), Elpídio Nogueira (PDT) e Raimundo Filho (PDT), também estão nessa faixa. Em entrevista ao O POVO, Michel Lins minimiza a questão e destaca que ele próprio, assim como outros indicados, possuem perfil híbrido entre o técnico e o político.
"Isso é uma grande mentira que a oposição quer implantar, de que políticos não podem ser indicados porque não são técnicos. Por quê? Eu mesmo sou político e sou técnico, já coordenei projeto que foi considerado referência para o Brasil. Tenho formação e estou cursando pós-graduação nessa área de administração pública".
Após essa faixa, outros indicados políticos possuem salários inferiores diversos, dependendo do tipo de cargo que ocupam. Secretário-executivo da Cultura, por exemplo, o ex-vereador Evaldo Lima (PCdoB) tem salário bruto de cerca de R$ 13,6 mil. Outro indicado nesta mesma função e faixa salarial é o ex-deputado estadual e ex-prefeito de Limoeiro do Norte, Paulo Duarte, hoje secretário-executivo de Segurança Cidadã.
Indicados políticos que ocupam cargos de gerência em autarquias ou empresas municipais possuem faixa salarial igual. Por exemplo, a atual presidente do Imparh, Débora Marques, aparece na folha da Prefeitura com salário de R$ 13,6 mil. Ela foi candidata a vereadora pelo PMB em 2020, alcançando 8 votos.
O POVO tentou ouvir a Prefeitura de Fortaleza sobre o caso, mas não obteve resposta. (Carlos Mazza)