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Como Tasso e Girão exploraram a presença de Mandetta na CPI
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Como Tasso e Girão exploraram a presença de Mandetta na CPI

O senador do Podemos o questionou sobre momentos em que aparece sem máscara. Tasso abordou a relação de Bolsonaro com o isolamento social
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Senadores Tasso Jereissati 
e Luis Eduardo Girão (Foto: Aurélio Alves e Mauri Melo)
Foto: Aurélio Alves e Mauri Melo Senadores Tasso Jereissati e Luis Eduardo Girão

Dois dos três senadores cearenses, Tasso Jereissati (PSDB) e Eduardo Girão (Podemos), participaram nesta terça-feira, 4, do depoimento do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19

Girão lançou questões indigestas a Mandetta. O indagou sobre a despedida como ministro da Saúde, quando abraçou assessores e secretários. Também explorou a presença do médico numa sinuca com amigos.

Mandetta respondeu que, em sua despedida, a equipe toda trabalhava com conselho "de biossegurança forte". Segundo ele, em sua gestão a equipe permaneceu sem um caso de Covid-19 confirmado. "Eu a abracei (uma servidora), não deveria, mas era muita emoção naquele momento", assumiu o ex-ministro.

 

Em relação às imagens no bar, Mandetta afirmou que estava acompanhado do filho, com quem travava uma conversa de "pai para filho" e dentro do que era permito pela sua cidade, Campo Grande, àquele momento. Os dois momentos são frequentemente recordados por bolsonaristas como resposta às críticas feitas ao comportamento negacionista com que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conduziu a crise até aqui.

Girão também perguntou se Mandetta não tem remorso de não ter adotado o que se chama de "tratamento precoce" contra a doença, orientando que se receitasse um conjunto de fármacos cientificamente ineficazes no combate à Covid-19.

“Não, senador. Aqui é ciência. Aqui é estudo. Eu, jamais, tomei decisões sem estudar”, respondeu Mandetta.

Cada senador dispõe de 15 minutos para inquirir o depoente. O tucano Tasso quis fazer uma única pergunta a Mandetta. Escolheu questioná-lo sobre o porquê de o presidente não optar pelo isolamento social como um dos meios de combate ao vírus, se a escolha estava amparada em outra "tese", como a da imunidade de rebanho.

"É muito difícil você entender sobre qual teoria, a impressão que eu tenho é que havia algumas teorias mais simpáticas (a Bolsonaro). Uma delas era 'olha, o brasileiro vai se contaminar, ele mora em aglomerados, mora sem esgoto, então vai se atingir o coeficiente de proteção de rebanho'", confirmou Mandetta.

Tasso Jereissati e Eduardo Girão têm opiniões divergentes acerca de que fim deve se prestar a CPI da Covid. Enquanto o senador tucano joga mais ênfase na apuração de ações e omissões do governo Bolsonaro, Girão, embora também aborde a questão, destaca mais fortemente que a investigação deve responder se as verbas repassadas pela União foram ou não desviadas por estados e municípios.  

É com base nesse propósito, inclusive, que Girão é crítico da relatoria da CPI estar com Renan Calheiros (MDB-AL), pois o senador tem o filho governador de Alagoas. No início dos trabalhos dessa terça-feira, o congressista do Podemos reclamou sobre o que considera ser um vício do inquérito.

"Peço que a gente tenha um equilíbrio, que seja justo e independente (os trabalhos). Já conversei com o senador Renan Calheiros para que a gente possa atender para que seja alternados esses depoimentos”, ele disse, sendo endossado por Ciro Nogueira (PP-PI), aliado de Bolsonaro.

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