A contaminação política em excesso dificulta análise de políticas públicas na área de segurança, pontua Ricardo Moura, doutor em Sociologia, pesquisador e colunista do O POVO.

Autor do blog "Escrivaninha", no qual trata de temas como violência, Moura avalia que, há cerca de uma década, "o debate sobre segurança pública se politizou demais no sentido da política partidária".

"Fica muito difícil separar análise de dados, elaboração de políticas e avaliação da eficácia dessas mesmas políticas sem que a gente entre num debate entre oposição e governo", aponta.

Para ele, "quando o debate fica nesse nível, de uma responsabilização de um e de outro, sem que a gente consiga aprofundar as causas e pensar em soluções que vão além do mandato de quatro anos, isso empobrece e dificulta a ação governamental".

Moura se refere à refrega entre o governador Camilo Santana (PT) e o opositor Capitão Wagner (Pros), deputado federal e pré-candidato ao Governo em 2022.

No centro dessa disputa, estão dados recentes de segurança e registros de avanço de facções sobre o território cearense, como O POVO vem noticiando.

De acordo com o pesquisador, no entanto, é preciso separar confronto partidário e examinar fenômenos, de modo a poder entender as razões pelas quais a violência relacionada ao crime organizado tem se expandido. (Henrique Araújo)